Ciência
15/07/2021 às 12:00•2 min de leitura
Uma nova espécie de algas acabou chamando a atenção de pesquisadores no Japão nas últimas semanas. Após mais de 30 anos de estudos sobre os sistemas de algas de água doce ao redor de Tóquio, o cientista Hisayoshi Nozaki foi pego de surpresa ao descobrir a Pleodorina starrii, uma espécie que se reproduz com três sexos diferentes.
De acordo com Nozaki, que é professor associado na Universidade de Tóquio, essa é a primeira vez que uma alga desse tipo é descoberta no mundo. A esperança é que o achado ajude no entendimento sobre como as espécies primitivas evoluíram de indivíduos assexuados para espécimes que reproduzem sexualmente.
(Fonte: Kohei Takahashi)
No passado do planeta, as formas mais primitivas de vida na Terra, há bilhões de anos, utilizavam os processos de clonagem para se reproduzirem assexuadamente. Posteriormente, alguns organismos acabaram desenvolvendo a reprodução sexual, a qual requer dois pais de sexos diferentes para contribuir com dois gametas que definirão as características genéticas únicas de suas crias — por exemplo, células sexuais como os espermatozoides e óvulos.
Enquanto ambos os métodos de reprodução possuem prós e contras, o período em que diversos organismos realizaram a transição de um para o outro parece não ser muito bem compreendido pela ciência. E aqui entra a importância da descoberta da Pleodorina starrii.
Alguns organismos são hermafroditas, o que significa que possuem o órgão reprodutor tanto do sexo feminino como do sexo masculino devido à expressão gênica muito incomum. Porém, esse não é o caso da nova alga. A espécie foi chamada de bissexual pelos pesquisadores japoneses, visto que pode reproduzir as células de machos e fêmeas mas com expressões genéticas comuns — ao contrário do que ocorre com as hermafroditas.
(Fonte: Pixabay)
Em condições normais, a P. starrii cresce em colônias esféricas compostas por organismos de 32 ou 64 células que possuem células sexuais pequenas móveis (masculinas) e grandes imóveis (femininas) ao redor dos lagos Sagami e Tsukui. Os machos costumam liberar seu esperma na água, fazendo com que os espermatozoides nadem até uma colônia feminina para reproduzir essas células.
No caso dos espécimes bissexuais, os cientistas demonstraram que essas algas se reproduzem de maneira assexual quando estão isoladas das demais, mas optam por realizar a reprodução sexuada quando são privadas de nutrientes e colocadas com indivíduos de outros sexos.
Majoritariamente, os indivíduos bissexuais se comportam como os machos durante a reprodução sexuada. Entretanto, as algas também podem cumprir o papel das fêmeas quando estão rodeadas por uma maioria de indivíduos do sexo masculino. Apesar das algas serem geneticamente muito distante dos seres humanos, os cientistas esperam entender mais como a evolução moldou diferentes sexos, que reconhecemos como masculino ou feminino, em nossa própria espécie.