Ciência
24/07/2021 às 10:00•2 min de leitura
Em um estudo lançado em junho de 2020 pelas McGill University e West Virginia University, os cientistas descobriram o fungo parasitário Massospora que afeta diretamente as cigarras e as transformam em zumbis, controlando suas mentes para infectar outras da mesma espécie.
No entanto, as cigarras não são as únicas que estão sendo perseguidas por esses parasitas fúngicos. As formigas são alvos do Ophiocordyceps unilateralis que, ao infectá-las, drena seus nutrientes e "sequestra" sua mente.
Ao longo de uma semana, o fungo força a formiga a sair do ninho, subir em um caule de planta perto dele para que ela fique em uma zona com temperatura e umidade adequadas para o crescimento do fungo.
(Fonte: Taringa!/Reprodução)
O fungo trava permanentemente a mandíbula da formiga em torno da folha, então começa o processo de colonização. Ele faz crescer um talo através da cabeça de sua hospedeira, desenvolvendo uma cápsula bulbosa e cheia de esporos. E, visto que o inseto sobe sempre em uma das folhas que fica pendurada nas trilhas de forragem de seu ninho, os esporos do fungo chovem sobre as demais formigas e as zumbifica.
Há anos o entomologista David Hughes, da Universidade Estadual da Pensilvânia, estuda como exatamente o fungo controla as mentes das formigas. Com ajuda de seu aluno Maridel Fredericksen, ele fatiou o inseto em 50 nanômetros de espessura — o que equivale a um milésimo da largura de um cabelo humano — em um processo que demorou três meses, escanearam as fatias, compilaram as imagens em um modelo 3D e anotaram quais pedaços eram formigas e quais eram fungos.
(Fonte: Research Gate/Reprodução)
Através de uma inteligência artificial para distinguir formigas de fungos, o que eles descobriram é que, quando o fungo entra pela primeira vez na formiga, ele existe como células únicas que flutuam ao redor da corrente sanguínea dela, gerando novas cópias de si mesmas. Em algum momento, porém, essas células começam a trabalhar juntas e se conectam para construir uma espécie de tubulação, vista antes apenas em fungos que infectam plantas.
Dessa forma, essas tubulações podem se comunicar entre si e fazerem a troca de nutrientes, também podendo invadir os músculos da hospedeira, seja penetrando nas próprias células musculares ou crescendo nos espaços entre elas.
Apesar de outros fungos parasitários que infectam formigas também se espalharem pelos músculos, eles não manipulam suas mentes tampouco age em forma de tubos entre células individuais ou se conecta em uma grande rede. Isso é algo feito apenas pelo Ophiocordyceps, que controla mentes com células acéfalas, mas deixa o cérebro intocado.
(Fonte: BBC/Reprodução)
“Essa manipulação de formigas por Ophiocordyceps é tão primorosamente precisa que talvez seja surpreendente que o fungo não invada o cérebro de seu hospedeiro”, disse Kelly Weinersmith, da Rice University.
O fungo opera como um espírito maligno, invadindo o corpo de um hospedeiro e usando-o como um "rádio transmissor" para se comunicar e influenciar o cérebro de longe. No final das contas, a formiga termina sua vida como prisioneira de seu próprio corpo, o qual ainda pode controlar, só que já não sabe mais como.