Artes/cultura
02/09/2021 às 09:30•2 min de leitura
O nascimento de um bebê-tubarão no aquário de Cala Gonone, na Itália, despertou a atenção de cientistas no mundo todo. Batizada de "Ispera", a tubarão-fêmea nasceu de uma mãe que havia passado a última década dividindo um tanque apenas com fêmeas e nenhum macho. Portanto, o animal seria fruto de uma "gravidez virgem".
Esse fenômeno raro, chamado de partenogênese, é o resultado da habilidade de tubarões-fêmeas conseguirem fertilizar seus próprios ovos em cenários extremos. A partenogênese é um processo que já foi observado em mais 80 espécies de vertebrados, incluindo tubarões, peixes e répteis, mas essa é a 1ª vez que pesquisadores identificam dentro da espécie de tubarões cação-liso, que são vivíparos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
De maneira geral, a partenogênese é bastante difícil de ser documentada na natureza, uma vez que os cientistas têm menos controle sobre as relações sexuais dos animais. Por isso, os casos mais claros e evidentes ocorrem quando os animais estão sendo criados em cativeiro.
Na natureza, esse fenômeno científico costuma ser o último recurso para uma fêmea que não consegue encontrar um parceiro, seja porque foi separada dos demais animais da sua espécie ou porque outros fatores externos dizimaram todos os machos disponíveis em um ambiente.
Especialmente em aquários que dividem os machos das fêmeas, longos períodos de isolamento costumam engatilhar a partenogênese. Apesar de esse se tornar um processo "comum" nesses ambientes, as fêmeas tendem a retornar a reprodução sexuada quando são recolocadas em um tanque com um macho.
(Fonte: Pixabay)
A partenogênese em tubarões costuma ser bastante parecida com a reprodução sexual normal. Em vez de se combinar com um espermatozoide para formar um embrião, o óvulo se combina com um outro corpo polar — uma outra célula produzida no corpo feminino — para obter o DNA suplementar.
Essas células, também conhecidas como gametas, têm uma combinação de genes única para cada cria. Por isso, nenhum filhote é um clone exato da mãe, apesar de serem mais parecidos com ela do que normalmente aconteceria. Nos casos de partenogênese, como é impossível que a mãe repasse o cromossomo Y, todas as crias serão obrigatoriamente fêmeas.
Desse modo, animais nascidos de partenogênese têm menor diversidade genética e, portanto, adaptam-se pior ao meio ambiente. Em geral, a expectativa de vida de animais frutos desse fenômeno na natureza é menor do que o comum.