Ciência
29/09/2021 às 09:30•2 min de leitura
Um dos maiores problemas para a infertilidade masculina acontece quando os espermatozoides nadam muito devagar. Entretanto, uma equipe de pesquisadores acredita ter encontrado a solução para esse caso. O Instituto Leibniz de Pesquisa de Estado Sólido e Materiais de Dresden (IFW Dresden) desenvolveu um programa chamado “spermbots”.
Os spermbots nada mais são do que nanorrobôs projetados para trabalhar como um táxi para os espermatozoides, carregando-os em alta velocidade até o óvulo. Navegando através de um campo magnético, essa nova tecnologia funciona como uma pequena hélice de metal em forma de saca-rolhas, grande o suficiente para cobrir a cauda do gameta masculino e levá-lo para a fertilização.
A invenção dos spermbots é a mais recente no campo de nanorrobôs que estão sendo projetados para navegar pelo corpo humano. Apesar do sucesso recente apresentado pelas pesquisas, o projeto teve origem há dois anos, quando a equipe de cientistas do IFW Dresden ainda realizava testes em gametas femininos.
Embora a expectativa seja de que um dia o projeto atinja o grande comércio, os nanorrobôs de fecundação não estão prontos para dar o próximo passo. Segundo os pesquisadores, ainda é necessário que um espermatozoide guiado por um spermbot consiga fertilizar um óvulo na vida real.
Para isso, é possível que sejam necessários mais alguns anos até que técnica esteja pronta para testes em humanos. Nesse meio tempo, a expectativa é de que o mercado de fertilização in vitro continue crescendo acentuadamente. Conforme a Iniciativa Nacional em Nanotecnologia dos Estados Unidos, o governo norte-americano investiu mais de US$ 22 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de nanorrobôs para a medicina desde 2001.
(Fonte: Unsplash)
Em entrevista à CBS News, o diretor do IFW Dresden, Oliver Schmidt, ressaltou que sua invenção não é necessariamente feita para gerar um avanço na nanotecnologia, mas sim para “resolver um problema específico chamado de infertilidade dos homens que sofrem com astenozoospermia (espermatozoides imóveis).”
Segundo as pesquisas do instituto, cerca de 10% a 15% dos casais norte-americanos sofrem com infertilidade. Entre esses casos, a influência da infertilidade masculina costuma aparecer em 40% a 50% das vezes. Caso seja comprovada, a técnica usada com os spermbots não precisaria que os ovócitos (gametas femininos) fossem cultivados fora do organismo e depois reimplantados.
“A longo prazo, isso pode levar a taxas de sucesso mais altas para casais que desejam ter um filho, mas são — pelos padrões atuais — considerados inférteis. O quanto a nanotecnologia estará envolvida ou se tornará a norma nesses processos é difícil de prever”, explicou Schmidt.
(Fonte: Unsplash)
Até o momento, os spermbots só foram testados com esperma bovino e ainda não tiveram uma fertilização de óvulo bem-sucedida. Na visão de Schmidt, o motor que carrega o espermatozoide ainda é relativamente ineficiente e precisa de mais trabalho até que possa ser usado em humanos.
Ainda assim, o engenheiro acredita que o seu projeto, caso receba as atualizações necessárias, possa servir como uma ponta de esperança para casos em que “outras técnicas mais estabelecidas no mercado já falharam”.