Artes/cultura
03/10/2021 às 13:00•3 min de leitura
Visitantes do Zoológico do Bronx foram pegos de surpresa durante o mês de setembro ao presenciarem um casal de gorilas realizando sexo oral na frente de todos. No vídeo que viralizou nas redes sociais, é possível ver claramente um dos animais se deitando no chão para receber a carícia de seu parceiro.
Mas então entra a questão: até que ponto os animais consideram os hábitos sexuais como o único objetivo de reprodução da espécie? Será que existe alguma espécie de prazer envolvida nesse processo? De acordo com pesquisadores, existe um mundo inteiro a se explorar quando o assunto é sexo. Vejamos a seguir.
(Fonte: Pixabay)
O primeiro fator a se levar em consideração para desvendarmos o que se passa na cabeça dos animais selvagens durante o acasalamento é compreendermos o que eles sentem durante esse ato. Afinal, essas criaturas fazem sexo por que gostam? Acasalar lhes proporciona prazer?
Segundo o cientista Mark Bekoff, da Universidade do Colorado, a resposta é sim e não. Em entrevista ao Live Science, o pesquisador argumentou que pouco ainda se sabe sobre os estímulos sentidos por criaturas como mosquitos e outros insetos durante o acasalamento, mas já é possível afirmar que todos os mamíferos desfrutam da experiência sexual.
Segundo ele, a satisfação sentida por humanos e animais dessa classe durante o ato sexual é tão parecida que costuma ser experienciada em partes muito primitivas do cérebro. As criaturas não só gostam de fazer sexo, como também podem ter orgasmos durante a relação sexual.
(Fonte: Pixabay)
Para Bekoff, os humanos estão longe de ser a única espécie na natureza que busca sexo por motivos recreativos. O cientista aponta que já existem estudos mostrando que alguns animais, como os bonobos e os golfinhos, que têm senso de raciocínio mais apurado, também buscam o prazer pelo simples divertimento.
Nesse caminho, é possível argumentar que as leoas também desfrutam do sexo. Toda vez que uma leoa está ovulando, ela acasala cerca de 100 vezes por dia durante o período de 1 semana e com múltiplos parceiros. Mesmo que ela precise de um único espermatozoide para engravidar, a felina não parece se importar em manter o hábito sexual. Isso seria o equivalente a sexo por prazer? Quem sabe.
A homossexualidade no Reino Animal também não é uma novidade. Portanto, animais que acasalam com criaturas do mesmo gênero não poderiam estar buscando a reprodução da espécie, sobretudo porque isso seria impossível. Sendo assim, esse tipo de sexo seria unicamente recreativo.
(Fonte: Pixabay)
Outra pergunta importante que precisamos fazer para entender os hábitos sexuais das espécies é até que ponto essas criaturas têm a capacidade de discernimento para entender que um novo filhote é gerado de uma relação sexual. Afinal, toda criatura compreende que uma nova criatura pode ser gerada quando acontece o acasalamento?
Para quem acompanha os programas de biologia na televisão e enxerga os machos lutando para ver quem vai estar à frente das fêmeas do grupo, a resposta parece bem simples: sim. Entretanto, essa visão pode ser um pouco diferente quando decidimos investigar a situação mais a fundo.
De acordo com a professora de Antropologia Holly Dunsworth, da Universidade de Rhode Island (Estados Unidos), os animais não têm o conhecimento abstrato sobre o que lhes faz agir de determinada maneira. Sendo assim, da mesma forma que eles não têm uma ideia clara sobre como a sede é causada pela desidratação, é pouco provável que outras espécies entendam que o sexo pode gerar a reprodução.
Dunsworth argumenta que, caso os animais tivessem como único objetivo a reprodução para garantir que a espécie não acabará, criaturas como os gorilas não matariam os filhotes após vencerem uma batalha contra o macho alfa que dominava determinado grupo.
(Fonte: Pixabay)
Existe um consenso entre a comunidade científica de que a reprodução sexuada é muito mais vantajosa para as espécies porque permite uma variedade genética maior entre novas crias, o que consequentemente significaria uma maior probabilidade de adaptação com o passar das gerações.
Entretanto, um estudo feito pela Universidade de Colônia, na Alemanha, mostrou que certas espécies podem sobreviver por milhares de anos apenas com a reprodução assexuada e sem sofrer consequências, como é o caso do ácaro-escaravelho Oppiella nova.
Conforme apresentado pela instituição alemã, um único indivíduo pode ser capaz de distribuir os genes entre suas crias de maneira diversificada apesar da ausência de um parceiro, surpreendendo a crença popular. Dessa forma, podemos perceber que o sexo é uma enorme caixa de surpresa ainda parcialmente compreendida pela comunidade científica.
Se ainda não temos todas as respostas para explicar os hábitos sexuais da nossa própria espécie, quem dirá de outros animais selvagens?