Quais são as fases de decomposição do corpo humano?

12/11/2021 às 04:004 min de leitura

“A morte chega igualmente a todos nós, e nos torna iguais quando chega”, disse John Donne (1572-1631), um poeta jacobita inglês do século XVI — e ele não poderia estar mais certo.

Após o derradeiro período de 12 a 24 horas após a morte, o corpo do ser humano segue por um processo, desempenhando seu papel como uma das máquinas mais complexas do mundo, tanto durante a vida quanto na morte.

Durante o período de gestação de vida dentro de um útero, nem todo o ser humano apresenta na oitava semana de gravidez, por exemplo, as primeiras estruturas, ainda que rudimentares, de formação exatamente como deve ser. Entretanto, todos os corpos vão inchar, expelir gases e fluidos de cheiro pútrido no fim. Simplesmente não tem como acabar de maneira diferente.

Se você nunca se perguntou, então aqui está como os corpos morrem.

O grande colapso

(Fonte: Scene 360/Reprodução)(Fonte: Scene 360/Reprodução)

Após o último suspiro de vida ter deixado o corpo, o cérebro e os órgãos internos iniciam seu processo de desligamento até a parada total — nesse caso, a morte dos tecidos que os inviabilizam. O fluxo de sangue vai cessar, empurrando as veias, artérias e órgãos vitais para um estado irreversível de estagnação.

Sem o cérebro controlando tudo, inclusive a temperatura interna do corpo, tudo se resfriará de sua temperatura média para se igualar à ambiente. Sem fluxo sanguíneo para manter os músculos relaxados, o sistema muscular muda para rígido, caracterizando o estágio de rigor mortis, que ocorre cerca de 4 horas após a morte declarada e que também depende da temperatura em que o corpo está exposto.

Enquanto o sangue começa a se acumular nos pontos mais baixos do corpo e em suas extremidades, as bactérias naturais mantidas no intestino se voltam contra ele e passam a corroer seu revestimento intestinal à medida que as células vão morrendo. Esse processo de morte celular é caracterizado pela deterioração das paredes celulares, sucumbindo às enzimas que as canibalizam.

Tudo isso não é observável a olho nu, mas os gases que começam a ser emanados são o suficiente para atrair moscas e varejeiras da carne para colocar seus ovos no corpo morto.

A grande expansão

(Fonte: Amuzing Planet/Reprodução)(Fonte: Amuzing Planet/Reprodução)

O inchaço é a segunda fase do processo de decomposição e acontece após 48 horas, finalmente o período em que qualquer um poderá contemplar o que está acontecendo com o cadáver.

Conforme acontece o ciclo de vida da bactéria, que resulta na produção de vários gases que vão preenchendo as entranhas do corpo, elas vão se multiplicando de maneira muito rápida. Visto que atinge um ponto em que os gases não têm mais meios de escapar, então o corpo incha por inteiro.

(Fonte: Amusing Planet/Reprodução)(Fonte: Amusing Planet/Reprodução)

Em um certo ponto, eles se tornam tão fortes que expulsarão os fluidos corporais por meio da boca, do ânus e do nariz, que são nutritivos o suficiente para o número crescente de insetos que começam a se apoderar do cadáver. Acompanhando esse passo, a pele vai rasgar e mudará de cor conforme a hemoglobina altera de pigmentação; a língua e os olhos ficarão inchados, além de embaciados. Dependendo de onde o corpo caiu morto, esse processo de gases e fluidos pode demorar, em média, de 2 a 6 dias.

A primeira e segunda decomposições

(Fonte: ArtStation/Reprodução)(Fonte: ArtStation/Reprodução)

Nessa etapa, o corpo já estará totalmente irreconhecível do que um dia foi em vida, a ponto de, em muitos casos, os familiares não conseguirem reconhecer os traços que deveriam ser mais marcantes na pessoa.

Não só devido a todos os processos anteriores, mas também pelo fato de que os insetos e as bactérias vão corroer a carne de maneira avançada, então os cheiros dos compostos produzidos pela putrefação atrairão ainda mais pragas para o cadáver.

Assim, o corpo adquire uma aparência lustrosa, que causa uma inquietante sensação de umidade, devido à rápida decomposição dos tecidos. Esse também é o único momento em que o corpo “se mexe”, isso porque os ovos repletos de vermes e larvas antes depositados começarão a eclodir para começar uma nova vida a partir daquele pedaço morto.

(Fonte: British Museum/Reprodução)(Fonte: British Museum/Reprodução)

Considerada “decomposição ativa”, nessa fase os órgãos apodrecerão em uma determinada ordem, começando pelos intestinos e terminando na próstata ou no útero. No final, a maior parte da pele terá sido comida ou apodrecida, deixando ligamentos, músculos e ossos expostos.

A decomposição avançada entra em ação e, nas próximas 2 semanas, faz o corpo encolher ainda mais, conforme insetos maiores, como besouros, aterrissam para arrancar nacos de carne. São eles que fazem o trabalho de comer o que restará grudado nos ossos.

O cheiro que o corpo emanou durante todo esse processo diminui e fica algo similar a um fedor de queijo, causado pelo ácido butírico que passa a corroer o que os vermes não conseguiram devorar.

Enfim, cinzas

(Fonte: Newsweek/Reprodução)(Fonte: Newsweek/Reprodução)

“Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás”, isso foi dito em Gênesis 3:19 e é exatamente assim que o corpo chega a seu estado final, após 3 semanas da morte, tudo dependendo do ambiente e do clima.

Nesse estágio, considerado a "fase seca", tudo o que o fez o corpo se decompor simplesmente evaporará. A cartilagem, como uma das partes mais resistentes, será a única coisa do interior do cadáver que permanecerá, fora o cabelo — pelo menos até que os ossos sejam comidos muito lentamente.

Não haverá mais cheiro, horrores aparentes nem nada, apenas um punhado de poeira e uma caveira acinzentada. Os ossos então mudarão de cor, eventualmente ficando brancos à luz solar, até que se rompem e são absorvidos pela terra — dependendo de onde o corpo morreu.

E, então, tudo terá acabado de vez.

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