Ciência
22/11/2021 às 04:00•2 min de leitura
Não é uma grande novidade para ninguém que os cachorros costumam se sentir realmente assustados com barulhos muito altos e repentinos, como ocorre nos casos de fogos de artifício ou tempestades. Entretanto, o que muitos donos não percebem é que vários dos sons que existem no cotidiano de nossas casas também podem ser muito estressantes para os animais de estimação.
De acordo com um estudo publicado no Frontiers in Veterinary Science, o incomodo pode surgir de diversos estímulos. Alguns exemplos mais comuns vêm do som emitido pelo aspirador de pó ou pelo micro-ondas. Porém, até mesmo barulhos de alta frequência, como o alarme de um detector de fumaça, têm potencial para causar ansiedade no animal.
(Fonte: Shutterstock)
Na visão da autora do estudo e pesquisadora na Universidade da Califórnia, Emma Grigg, o maior problema passa pela falta de percepção dos donos. “Nós sabemos que muitos cães têm grande sensibilidade a sons, mas subestimamos seu medo e o consideramos normal porque muitos de nós não conseguimos interpretar a linguagem corporal de nosso pet”, ela explicou.
Segundo Grigg, alguns sinais comuns que fazem parte da comunicação de um cachorro e demonstram ansiedade são: encolher-se, tremedeira e refugiar-se. O problema, no entanto, acontece quando o medo é comunicado de forma mais sutil, causando dificuldade de interpretação nos seres humanos.
Por exemplo, cães estressados podem ficar mais ofegantes, lamber os lábios, virar a cabeça ou até mesmo enrijecer o corpo nesse tipo de situação. Em alguns casos, suas orelhas podem virar para trás e o cão pode manter uma postura com a cabeça abaixo da linha dos ombros. Por isso, Grigg sugere que os donos pesquisem mais a respeito do assunto.
(Fonte: Shutterstock)
Para a confecção do estudo, os pesquisadores conduziram um teste com 386 tutores de cães. Durante o experimento, essas pessoas foram perguntadas a respeito de como seus animais de estimação se comportam com alguns barulhos caseiros. Além disso, outros 62 vídeos disponíveis em plataformas digitais foram analisados.
O estudo demonstrou que grande parte dos donos não só subestimam o medo sentido pelos cães, como a maioria das pessoas também reagiu ao sofrimento dos animais como se fosse algo engraçado em vez de interpretar a reação como algo preocupante. “Há uma incompatibilidade entre as percepções dos proprietários e a quantidade de medo realmente presente”, disse Grigg.
Em sua visão, a pesquisadora espera que o estudo consiga mostrar para mais pessoas a importância de estar atento aos sinais passados pelos cães a respeito de quais barulhos causam muito estresse dentro de casa. Dessa forma, medidas poderiam ser tomadas para tentar minimizar esse barulho diário.
De acordo com a autora, muito desse conflito ocorre porque os cães apresentam uma gama mais ampla de audição do que os seres humanos — ou seja, escutam mais frequências. Por isso, barulhos que são irrelevantes para nós podem provocar até mesmo dor em nossos animais. Ao simplesmente minimizar a exposição a esses sons, poderíamos melhorar a qualidade de vida desses cães.