Ciência
19/01/2022 às 02:00•2 min de leitura
O cérebro humano está em constante mudança e adaptação, de modo que a meta é sempre evoluir e ter um bom desempenho de funções gastando o mínimo de energia possível. Estudos já demonstraram que há mudanças no cérebro de pessoas com transtorno de personalidade narcisista, por exemplo. Porém, a Ciência ainda não conseguiu determinar se a pessoa nasce com esse marcador genético ou se o seu comportamento e o ambiente desencadeiam o aparecimento de doenças.
As análises sobre o aumento de casos de distúrbios de personalidade específicos levam a crer que os hábitos cotidianos e a influência da cultura tecnológica estejam relacionados a essas alterações neurológicas. Afinal, os neurotransmissores são mensageiros químicos que podem transmitir, estimular e equilibrar os sinais entre neurônios e outras células do corpo. Esses bilhões de mensageiros trabalham constantemente e podem afetar diversas funções físicas e psicológicas.
Existem diversos gatilhos que podem levar ao surgimento de um distúrbio, como a necessidade de liberação da dopamina e a disfunção em neurotransmissores como a serotonina, que é responsável por aumentar a secreção da dopamina. Esta, por sua vez, envolve uma necessidade de conquistas gradativa não exata, de modo que está conectada não só a ações constantes, mas também à vaidade, por exemplo. A serotonina está relacionada à ansiedade, ao sono, à sensação de bem-estar, entre outros fatores que podem prejudicar a busca por mais conquistas.
Todos os neurotransmissores estão envolvidos em processos que resultam na personalidade. A rede neural está conectada, e o mau funcionamento de um neurotransmissor pode levar ao mau funcionamento de outros. A neuroterapia pode ajudar a tratar eventuais problemas e distúrbios de personalidade.
Considerando o cérebro, a neuroplasticidade e as adaptações desse órgão, o meu estudo concluiu que distúrbios como a personalidade narcisista e a histriônica têm raízes genéticas, mas esse não é o único fator desencadeante e pode não ser determinante. Internet, redes sociais e games, por exemplo, estão elevando os níveis de ansiedade, o que afeta o ciclo da dopamina e pode fazer surgir o narcisismo. Com a neuroterapia, o foco está no motivo pelo qual tais comportamentos surgiram, visando, assim, a uma maior eficácia no processo de tratamento.
O estudo completo pode ser acessado neste link.
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Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do Mega Curioso, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências com o título reconhecido pela Universidade Nova de Lisboa; PhD em neurociência pela Logos University International/City University. É também mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco; pós-graduado em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal e em Neurociência, Neurociência Aplicada à Aprendizagem, Neurociência em Comportamento, Neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil. Conta com especializações avançadas em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em Portugal, The Electrical Properties of the Neuron, Neurons and Networks, Neuroscience em Harvard (EUA). É bacharel em Neurociência e Psicologia pela Emil Brunner World University (EBWU) e licenciado em Biologia e História pela Faveni do Brasil; tecnólogo em Antropologia pela UniLogos (EUA); com especializações em Inteligência Artificial na IBM e Programação em Python na Universidade de São Paulo (USP); e MBA em Psicologia Positiva na Pontifícia Universidade Católica (PUC).