Ciência
26/01/2022 às 06:30•2 min de leitura
Os primeiros estudos feitos sobre os peixes-leão, espécie invasora e venenosa encontrada em Fernando de Noronha, foram divulgados na segunda-feira (24). Os pesquisadores observaram de perto 24 espécimes e constataram que eles estão se alimentando de outros peixes nativos da ilha, além de estarem entrando em fase reprodutiva neste momento.
O estudo foi realizado pelo Projeto Conservação Recifal (PCR), em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Quem comandou a operação foi o biólogo marinho Pedro Pereira, diretor do PCR. A primeira vez que um peixe-leão foi capturado em Noronha aconteceu em 2020 e as capturas se intensificaram ainda mais no ano seguinte.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Com nome científico Pterois volitans, o peixe-leão é uma espécie de peixe com espinhos venenosos que contêm uma toxina causadora de febre, vermelhidão e até mesmo convulsões quando entra em contato com os seres humanos. Por esse motivo, esses animais têm sido considerados um grande problema para Fernando de Noronha — local que atrai muitos turistas.
Além disso, o peixe-leão é um predador nato e tem o costume de consumir espécies endêmicas. Isso significa que muitas espécies que só ocorrem nessa região correm um sério risco de vida, provocando até mesmo um desequilíbrio ecológico. Desde que o primeiro espécime foi descoberto na ilha, o Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) tem enviado mergulhadores para realizar as capturas. Então, esses animais são enviados para a análise.
Em comunicado à imprensa, Carla Guaitanele, chefe do ICMBio em Noronha, comentou sobre a situação atual. "Até agora, foram registrados 50 avistamentos e 32 capturas. Desse total, 11 capturas foram feitas na Área de Proteção Ambiental e 20 na região do Parque Nacional Marinho", contabilizou.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O primeiro estudo realizado sobre os peixes-leão foi feito em novembro de 2021, quando se identificou um peixe gênero apogon no estômago dos predadores. Esses peixes são considerados extremamente relevantes para a cadeia ecológica de Noronha e são peixes bastante comuns nos recifes de corais.
Durante essa etapa, também foi possível analisar as gôndolas, a parte reprodutiva do peixe invasor. "Nós observamos que, na ilha, já tem macho e fêmea na idade reprodutora, o que é uma das piores constatações. Significa que eles já podem se reproduzir em Noronha", afirmou Pedro Pereira no comunicado oficial.
Segundo o pesquisador, acredita-se que essas criaturas tenham vindo de outros locais e cadeias montanhosas próximas a Fernando de Noronha. Os cientistas planejam realizar a análise do otólito, um osso existente na cabeça do peixe, que ajudará na identificação da idade dessas criaturas.
Por fim, algumas amostras de peixe-leão foram enviadas para a Universidade Federal Fluminense (UFF) e para a Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Porém, os resultados desses outros estudos ainda não foram divulgados. A expectativa é que a obtenção de dados ajude as autoridades no controle da situação.