Ciência
04/02/2022 às 02:00•5 min de leitura
Por mais que os mapas do mundo nos deem uma visão apurada sobre a distribuição territorial entre países, nem tudo que nós vemos pode ser tido como precisamente exato. Se você ainda não sabia disso, fique atento: as proporções vistas nos livros de geografia costumam estar bastante erradas.
Embora essas projeções tenham sido desenhadas com as melhores das intenções — fornecer uma projeção detalhada e coerente da Terra —, os mapas planos estão longe de ser precisos. Enquanto algumas áreas são representadas muito maiores do que realmente são, outras encolheram de tamanho. Além disso, distâncias entre várias massas de terra são deturpadas. Tudo sobre isso você entenderá nos próximos parágrafos.
(Fonte: Pixabay)
Não importa qual mapa do mundo você estiver analisando, todos eles terão ao menos um erro grave. Mas não se preocupe, existe uma explicação razoavelmente simples para isso. Pense no seguinte dilema: como traduzir as escalas vistas no globo terrestre para uma folha de papel lisa?
Ao contrário do que os negacionistas pensam, a Terra não é nem um pouco plana e, por esse motivo, existem certas incongruências quando tentamos repassá-la para um desenho plano. Isso sempre se mostrou um verdadeiro problema para os cartógrafos desde o início da era do mapeamento. Afinal, como um objeto tridimensional pode ser perfeitamente representado em duas dimensões?
É a mesma coisa do que cortarmos uma bola de tênis ao meio e tentar moldá-la em um retângulo perfeito — um conceito praticamente impossível. A Projeção de Mercator, modelo criado pelo geógrafo e cartógrafo flamengo Gerardus Mercator em 1569, foi favorecido pelos navegadores durante séculos porque lhes permitia traçar cursos em linha reta. E mesmo sendo um modelo extremamente adotado hoje, deixa muito a oferecer em termos de precisão.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Todos os mapas apresentam algum grau de distorção, mas uns pecam mais que os outros. No globo, os meridianos convergem à medida que se aproximam de um polo, e os comprimentos dos paralelos de latitude diminuem até os polos. Mas, ao mapear a Terra em um retângulo, os polos são esticados para ficarem equivalentes ao comprimento da linha do equador. Por isso, há um alongamento horizontal à medida que o mapa se move em direção aos polos.
Isso faz com que algumas regiões pareçam ser incrivelmente maiores do que realmente são, enquanto outras são desenhadas muito menores. Por exemplo, Europa e Groenlândia aparecem nos mapas em proporções gigantescas, enquanto o continente africano e países como a Índia encolheram de tamanho.
Na Projeção de Mercator, Groenlândia e África parecem ter a mesma dimensão, mas o segundo é 14 vezes maior que o primeiro. Isso também vale para o Alasca, representado três vezes maior que o México, quando o país da América do Norte é 1,3 vezes maior que o território dos Estados Unidos.
Você pode conferir os tamanhos verdadeiros dos países em comparação a outros neste site.
(Fonte: J. Richard Gott/Divulgação)
A transformação de um objeto tridimensional em uma representação de apenas duas dimensões sempre apresentará falhas, disso não há como escapar. Entretanto, um projeto criado por astrofísicos da Universidade de Princeton em 2021 ofereceu uma saída interessante para esse problema: transformar o mapa-múndi em dois mapas em formato de panqueca vistos lado a lado.
Assim, as formas do globo seriam convertidas em um círculo e não mais em um retângulo, favorecendo a proporção original das regiões. No entanto, vale ressaltar que esse não é um modelo graficamente agradável e é extremamente recente. Por isso, ainda precisamos determinar o quanto ele será aceito nas escolas e livros de geografia.