Como as enguias produzem eletricidade?

As enguias elétricas, também conhecidas no Brasil como poraquês, são criaturas impressionantes. Porém, você sabia que elas estão muito mais perto de ser um peixe-faca do que uma enguia de verdade? Essas curiosas criaturas são bastante únicas e conhecidas especialmente por conseguirem produzir choques de até 600 V. 

Como elas conseguem produzir essa descarga elétrica e não serem afetadas por essa eletricidade é algo extremamente intrigante. Então, para que você possa entender mais desses incríveis animais e saber de onde vem a origem de seus "superpoderes", nós nos aprofundaremos sobre o tema neste texto. Fique atento!

Corpo de bateria

(Fonte: Wikimedia Commons)

A fonte de energia das enguias elétricas vem de um conjunto de células semelhantes a uma bateria que conhecemos em nosso dia a dia, chamada de eletrócito. Esse tipo de célula compõe cerca de 80% dos corpos compridos das enguias e atuam constantemente como fonte de proteção ou ataque.

Com formato de disco, cada uma dessas células consegue adquirir o potencial de um décimo de volt apenas controlando o fluxo de íons de sódio e potássio — átomos carregados — através das membranas celulares. Essas células individuais se unem em matrizes e passam a funcionar como uma bateria de um carro comum, que libera a carga quando a enguia avista predadores ou presas.

Cada choque de uma enguia tem potência de até 0,5 kW, o que seria suficiente para machucar significativamente um ser humano. Por esse motivo, é melhor se manter afastado dessas curiosas criaturas. 

Proteção contra choques

(Fonte: Wikimedia Commons)

Uma enguia simplesmente não é afetada pelos próprios choques porque o corpo dela é completamente preparado para receber esse tipo de descarga elétrica. Como citado, os eletrócitos conseguem converter toda a energia não gasta em locomoção para impulsos elétricos. Então, essa eletricidade é acumulada e cria um campo elétrico ao redor do animal, que o ajuda em todas as suas atividades. Para se ter uma ideia, uma enguia adulta pode ter até 160 mil eletrócitos no corpo. 

Localização de presas

(Fonte: Wikimedia Commons)

Mais do que uma forma de ataque e defesa, a corrente elétrica gerada pelas enguias é um instrumento de rastreamento de presas. Como isso funciona? Estudos demonstram que as enguias elétricas usam a eletricidade como forma de controle remoto de suas vítimas, fazendo que peixes escondidos se contorçam por causa de choques e assim exponham as posições onde estão.

Além disso, a eletricidade induz contrações involuntárias dos músculos de outras criaturas. Isso faz que a presa fique incapacitada por alguns momentos e não consiga ativar seus mecanismos de fuga. Dessa forma, torna-se um alimento fácil de se obter.

O motivo para isso acontecer é porque as descargas elétricas atingem remotamente os neurônios da presa, passando a controlar os músculos. Enquanto estão caçando, as enguias periodicamente dão duas descargas de alta voltagem com uma pausa de 2 milissegundos entre elas, servindo como um rastreador.