Estilo de vida
12/04/2022 às 11:00•2 min de leitura
Só entre 1950 e 1990, o mundo teve que segurar a respiração por pelo menos 14 vezes diante a um iminente ataque nuclear que poderia causar mil vezes o estrago testemunhado no final da Segunda Guerra Mundial com a Little Boy e Fat Man devastando Hiroshima e Nagasaki, respectivamente.
Com as armas nucleares permeando todos os aspectos da Guerra Fria, com as tensões esticadas a ponto de ruptura, sempre estivemos perigosamente próximos ao temido apocalipse nuclear. Mas será que existe um plano para distribuir pílulas de iodo para proteger as pessoas do raio de impacto da radiação?
Essa questão entrou mais em debate com o lançamento da minissérie da HBO Chernobyl (2019), em que a física nuclear soviética Ulana Khmyuk toma uma pílula de iodo assim que vê a queima de material radioativo escapando do reator 4 da usina. Ela ainda encoraja outras pessoas que encontra pelo seu caminho a fazerem o mesmo, visto que a pílula muda a maneira como seu corpo se comporta com a radiação, visando reduzir o risco que os materiais representam, ainda que não os repila ou crie uma espécie de resistência para o seu organismo.
(Fonte: Miracle 2 of Utah/Reprodução)
Fontes da Newsweek informaram que a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro desse ano, e o anúncio de que Vladimir Putin havia colocado seu imenso arsenal nuclear em alerta máximo para bombardear qualquer país que intervisse militarmente em ajuda ao seu inimigo — fizeram as pessoas correrem farmácias não só para estocar produtos básicos, como também para tentar encontrar as pílulas de iodeto de potássio.
Também chamado KI, o iodeto de potássio é útil apenas na prevenção dos efeitos nocivos da radiação no que se refere à tireoide. As pílulas bloqueiam a absorção de radioiodeto se tomadas imediatamente antes ou após a exposição.
A glândula da tireoide precisa de uma dose adequada do iodeto de potássio, em média 130 miligramas para um adulto, para absorver o suficiente do iodeto não radioativo e não consiga absorver nada do radioiodeto radioativo. Ou seja, com a tireoide absorvendo tudo o que precisa da pílula, o iodo radioativo não será absorvido pelo corpo, mas excretado principalmente pela urina, reduzindo os ricos de câncer de tireoide.
(Fonte: Universo Racionalista/Reprodução)
Foi no acidente de nuclear da usina de Three Mile Island, na Pensilvânia, em 28 de março de 1979, que as pílulas de iodeto de potássio foram usadas como proteção da tireoide contra a radiação, quando um dos reatores sofreu um colapso parcial e pequenas quantidades de radiação foram liberadas no ar.
Conforme a Comissão Reguladora Nuclear dos Estados Unidos, não houve efeitos detectáveis na saúde dos trabalhadores da fábrica ou dos moradores próximos. O caso serviu para alertar as autoridades sobre o quão necessárias as pílulas poderiam ser em caso de incidentes ou desastres futuros envolvendo radiação, porém a quantidade de iodeto de potássio disponível no mercado não era meramente suficiente para abarcar a população.
(Fonte: WHYY/Reprodução)
A Food and Drug Administration (FDA) supervisionou a fabricação e armazenamento de iodeto de potássio suficiente para proteger até 1 milhão de pessoas no caso de um incidente nuclear em larga escala, porém isso é ínfimo perto de ameaças maiores, como um ataque balístico nuclear.
Alguns especialistas criticam que, mesmo em face a esse tipo de cenário perigoso, nunca houve um plano de mobilização por parte das agências de saúde para ao menos instruir a população acerca dos benefícios das pílulas de iodeto de potássio, tampouco uma produção em escala um pouco maior para ser estocada.