Artes/cultura
24/04/2022 às 11:00•2 min de leitura
A cena clássica da mulher indo ao banheiro e voltando com um teste positivo de gravidez aparece de tempos em tempos nas séries, filmes e novelas. Contudo, essa cena poderia ser muito mais impactante se ao invés do teste, ela levasse um sapo para o banheiro.
Antes de termos a comodidade de ir a uma farmácia para comprar esses testes, as pessoas precisavam ir para os brejos e pântanos atrás dos sapos. Acontece que esses animais eram usados para identificar a gravidez das mulheres da época — e com uma precisão impressionante.
(Fonte: Shutterstock)
Quando uma mulher está grávida, ela produz um hormônio chamado HCG. É essa substância que avisa ao corpo que as coisas vão mudar nos próximos meses. Cientistas perceberam que esse hormônio reagia com o organismo de outros animais e que isso poderia ser usado para identificar uma gestação.
Até os anos 1970, apenas 50 anos atrás, o teste de gravidez funcionava da seguinte forma: cientistas pegavam a urina da mulher com suspeita de gravidez e injetavam o líquido em uma sapa ou rã. No caso de gravidez positiva, o animal reagia ao hormônio botando ovos.
(Fonte: British Medical Journal/Edward R. Elkan)
O problema desse teste é que ele demorava dias para ficar pronto, além de ser cruel com os animais. Além disso, era muito caro, pois sapos são difíceis de pegar. Esse teste também era usado no Brasil e as pessoas costumavam ir a represas procurar pelos sapinhos. Depois, com sacos cheios dos animais, entravam nos bondes rumos aos laboratórios da época.
Nos EUA e Reino Unido, inclusive, houve um problema ambiental devido à prática: a rã-de-unha-africana se mostrou mais rápida para botar ovos e, por isso, milhares de exemplares desse animal foram enviados a esses países. A espécie, então, se tornou invasora e prejudicou o ecossistema local.
Na década de 1980, a empresa estadunidense Warner Chilcott desenvolveu os primeiros testes de farmácias, sem crueldade com sapos. Depois, os testes foram aperfeiçoados até que chegaram aos resultados que temos atualmente.
(Fonte: Shutterstock)
Saber se está gerando uma vida sempre foi uma preocupação das pessoas, obviamente. Ou seja, os sapos não foram o único método incomum de teste que já existiu: no Antigo Egito, por exemplo, o costume era urinar durante vários dias em cima de grãos de trigo. Se eles brotassem, a mulher estaria grávida. O problema desse teste é que ele não funcionava de verdade.
Antes das sapas, mamíferos, como ratas, também já foram usados para atestar gravidez. O problema desse teste é que era preciso matar o animal, abri-lo e verificar se o HCG presente no xixi humano reagiu no seu corpo. Ainda bem que toda essa crueldade ficou para trás, né?