Estilo de vida
04/05/2022 às 08:58•2 min de leitura
A fatídica e emblemática noite de 14 de dezembro de 1799, às 22h, não só entrou para a história pela morte declarada do 1° presidente dos Estados Unidos e herói da Revolução Americana, George Washington, como também pela maneira como tudo aconteceu.
Na noite anterior, Washington chegou em casa em cima da hora após passar por uma chuva intensamente gelada, com neve e granizo, recusando-se a tirar suas roupas úmidas para não se atrasar para o jantar — o que fazia sentido, pois o ex-presidente detestava atrasos.
(Fonte: A Crítica/Reprodução)
Contudo, o hábito lhe custou a vida. No meio da madrugada, Washington acordou com uma dor horrível no peito e sem conseguir respirar direito. Rapidamente, sua esposa, Martha Washington, pediu ajuda e foi atendida pelo coronel Tobias Lear, o principal assessor do presidente, que se apressou a convocar o Dr. James Craik, médico que cuidava há anos do presidente, e o especialista em sangria George Walings.
Antes que os profissionais chegassem, Lear deu um tônico feito de melaço, manteiga e vinagre que só piorou a condição de Washington, fazendo Rawlings ter que recorrer à técnica de tirar sangue para esfriar a febre do presidente.
Na noite de 14 de dezembro, o médico já havia retirado quase 40% do sangue do corpo de Washington, que morreu às 22h de uma infecção viral combinada com o tratamento absurdo de sangria.
Dr. William Thorton. (Fonte: US Capitol Historical Society/Reprodução)
Quando a trágica notícia foi anunciada, a nação lamentou profundamente a perda do então presidente, porém ninguém sentiu tanto quanto o Dr. William Thornton. Na verdade, ele literalmente se recusou a aceitar a morte de Washington — portanto elaborou um plano, no calor do desespero, para trazê-lo dos mortos.
Thornton era especializado em traqueotomia, abertura cirúrgica da traqueia para melhorar a insuficiência respiratória. Porém, estamos falando do século XVIII, uma época em que, na Medicina, nem sequer sabia-se muito sobre como tratar de doenças comuns, como uma infecção de garganta.
(Fonte: Science Photo Library/Reprodução)
Ele também acreditava que a transfusão de sangue, procedimento tão perigoso na época e que foi proibido na França por causar a morte do Papa Inocêncio VIII, em 1492, poderia funcionar, apesar de Washington já estar morto. Ele se apressou até o Mount Vernon, em Virgínia, onde ficava a residência presidencial, para encontrar o cadáver gelado de seu amigo de longa data.
Para Thornton, seria possível revivê-lo mesmo depois que o rigor mortis ocorresse, combinando calor, ar e sangue. Sendo assim, ele pediu água fria para lentamente aquecer o corpo de Washington, depois embrulhá-lo em cobertores e aquecê-lo por fricção. Em teoria, essa técnica ajudaria a reviver os vasos sanguíneos frios do homem.
(Fonte: Smithsonian Magazine/Reprodução)
Só então, após aquecido, que Thornton faria sua traqueotomia, sem esterilização ou antibióticos, que eram inexistentes naquele período. Apesar dos riscos, o médico achava que teria mais eficiência por se tratar de um cadáver.
Thornton planejava inflar os pulmões de Washington em uma espécie de ventilação mecânica, e usaria sangue de cordeiro para fornecer energia vital para despertar a força do presidente. No entanto, a família Washington interviu e impediu Thornton de tentar ressuscitar o ex-presidente, alegando ser melhor deixar o legado dele intacto do que trazê-lo de volta, angariando polêmica para seu nome.
Thornton discordou e resistiu, porque queria o amigo de volta e estava convicto de que tinha tudo para ser bem-sucedido, mas não conseguiu vencer a opinião da família.