Ciência
17/05/2022 às 06:30•2 min de leitura
Geronimo Villanueva, um cientista do Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Maryland, criou um simulador de pôr do sol para demonstrar como ocorreria o fenômeno em outros planetas. Intitulada de Gerador de Espectro Planetário, a ferramenta se baseia em cálculos sobre distância e rotação para compreender o efeito do crepúsculo em diversas localidades do Sistema Solar, resultando em paletas de cores surpreendentes e de tirar o fôlego.
Segundo Villanueva, as cores do pôr do sol de cada planeta diferem de acordo com os níveis da interação da luz solar com sua respectiva atmosfera. A iluminação se espalha por moléculas na camada gasosa em um processo conhecido como espalhamento Rayleigh, sendo mais eficaz em comprimentos de onda mais curtos, já que a extremidade azul do espectro visível, porção da radiação eletromagnética, pode ser vista pelo olho humano.
Em planetas onde há uma atmosfera dominada por gases, a tendência do padrão de cores indica comprimentos de onda mais longos, com as tonalidades ganhando força ao pôr do sol. Em Urano, por exemplo, as partículas de gás de hidrogênio, hélio e metano espalham os comprimentos de onda em azul e verde — mais curtos — à medida que absorvem extensões mais longas em vermelho. O evento, então, cria um céu azul brilhante que se torna turquesa ao pôr do sol, à medida que a luz azul é dispersada em relação aos comprimentos mais longos.
Já em Marte, onde há o predomínio de poeira no ar, a luz é espalhada de forma diferente se comparada à de planetas essencialmente gasosos. De acordo com um estudo de 2014 baseado em dados do rover de Marte Spirit, a poeira reflete a luz vermelha em ângulos mais amplos e "desconcentra" a presença da tonalidade. Dessa forma, como a luz azul não é distribuída aleatoriamente no planeta, ela chega a ter uma intensidade até seis vezes maior que a luz vermelha durante o pôr do sol.
Veja abaixo o vídeo com as simulações:
Outras causas primordiais para os diferentes efeitos do pôr do sol, além da composição atmosférica, seriam o posicionamento e distância do Sol calculada para cada planeta. À medida que esses corpos cósmicos giram para longe da luz da estrela anã durante o fenômeno crepuscular, os fótons são espalhados em diferentes direções, considerando os níveis energéticos produzidos e os tipos de moléculas existentes no ar.
Devido a essas questões, é quase impossível prever como será o pôr do sol em planetas, exoplanetas e luas sem ter uma compreensão completa de sua composição atmosférica. "Onde [a] atmosfera é dominada por outras substâncias, não posso dizer", disse Kurt Ehler, professor de matemática do Truckee Community College em Reno, Nevada, estimando que o pôr do sol terrestre é um fenômeno exclusivo de astros com atmosfera gasosa.
Quanto ao simulador, o projeto foi criado por Villanueva como uma ferramenta para contribuir em uma possível futura missão de estudo da atmosfera de Urano. Com ela, os cientistas poderão utilizar modelagem computacional para interpretar as medições da luz em outros mundos, a fim de revelar a composição química e mais informações relevantes sobre suas atmosferas.