Estilo de vida
17/06/2022 às 02:00•2 min de leitura
Desde o Renascimento, época em que os europeus inventaram o champanhe, ele sempre veio acompanhado do “pop!”, aquele estampido característico que ocorre quando retiramos a rolha da garrafa.
Para muita gente, parte da alegria de abrir uma garrafa dessa bebida está exatamente nesse processo, isto é, na tensão de retirar o arame, no estouro da rolha e no tão aguardado chafariz efervescente que se segue.
(Fonte: Shutterstock)
Mas para além de toda a alegria gerada pela situação acima, algo muito mais surpreendente acontece nos milissegundos que levamos para estourar uma garrafa de champanhe: a garrafa em nossas mãos se torna uma miniarma supersônica.
Algumas razões científicas estão por trás do processo que faz a rolha voar longe quando abrimos um champanhe.
Quando essa bebida está engarrafada ela contém muito dióxido de carbono dissolvido. Esse gás, nessa situação, gera diversas pressões internas que oscilam conforme a temperatura do lugar onde a bebida está guardada.
Quando o champanhe está em repouso, a pressão do dióxido de carbono dentro da garrafa não é maior que a força de atrito entre a rolha e a garrafa, bem como qualquer rede de arame que prenda a cortiça. Logo, ele não estoura por conta própria.
Mas a situação é bem diferente quando agitamos a garrafa...
Em um estudo publicado recentemente na revista Physics of Fluid Dynamics, um grupo de engenheiros da Índia e da França, conseguiu entender como o gás flui e como se comportam as ondas de choque geradas assim que o champanhe é aberto.
(Fonte: Shutterstock)
Eles acabaram descobrindo que o borbulhante tem um poder de balística que pode até ser perigoso dependendo de para onde a rolha é apontada. Assim que o pedaço de cortiça é retirado da boca da garrafa, o fluxo de gás explode em altas velocidades no topo do gargalo.
Na sequência, ocorre a dissipação da pressão e do gás, algo que acontece em ondas de choque no formato de coroa, ou diamantes de choque, parecidos com os desenhos que se formam quando misseis, foguetes ou jatos estão sendo lançados.
As coroas brilhantes vistas no escapamento desse motor são conhecidas como diamantes de choque. (Fonte: Wikimedia Commons/ Reprodução)
Pode parecer inútil estudar o comportamento do dióxido de carbono e formato de sua dispersão, bem como da pressão durante o estouro de um champanhe. Mas, como bem apontou o coautor do estudo, Robert Georges, do Institut de Physique de Rennes, uma garrafa de champanhe pode ser um minilaboratório.
Embora seja algo simples, ela permite o estudo de ondas supersônicas, pressão e alterações de gases, basicamente, na palma da mão. Essas descobertas recentes, por exemplo, podem ajudar a desenvolver eletrônicos, equipamentos e veículos submersíveis supersônicos e até armas militares.
Ah! E já que a velocidade da rolha pode chegar a uma velocidade 11 metros por segundo na hora do estouro, veja bem para onde está virando a boca da garrafa!