Ciência
23/09/2022 às 12:00•2 min de leitura
Há pouco mais de mil anos, a ilha de Madagascar era habitada pela maior ave que já se tem notícia. Conhecido como pássaro-elefante, este animal tinha um tamanho que poderia ser comparado ao de alguns dinossauros e seus ovos pesavam até 10 kg.
Apesar de todo esse tamanho, o pássaro-elefante não resistiu à presença humana. Embora ainda seja inconclusivo o que causou a extinção da espécie, a caça e as mudanças no habitat natural certamente tiveram um papel decisivo nisso.
Esqueleto e ovo de um pássaro-elefante.
Por muito tempo, o pássaro-elefante foi considerado um mito, mesmo no meio científico. Os primeiros fósseis foram encontrados no século XVII pelo comandante colonial francês, Étienne de Flacourt. Porém, a espécie só foi descrita no século XIX, pelo zoólogo francês Isidore Geoffroy Saint-Hilaire.
Esses animais possuíam bicos cônicos, pernas curtas e finas e corpo robusto. Visualmente, o pássaro-elefante parecia um avestruz — embora muito maior —, porém, eles estavam mais próximos do kiwi, um pequeno pássaro da Nova Zelândia.
E assim como acontece com o avestruz, e com o próprio kiwi, o pássaro-elefante não voava. E mesmo com grandes garras nas patas, sua dieta era possivelmente baseada em frutas. Não há registros que indiquem que essa ave era particularmente agressiva com seres humanos e por conta do seu tamanho, provavelmente não tinham predadores naturais.
E o quão grande eles eram? Os maiores fósseis já encontrados indicam que essas aves podiam chegar aos três metros de altura e pesar até uma tonelada quando adultos. Seus ovos também eram grandes, com cerca de 30 centímetros de altura e quase 10 centímetros de largura. Como comparação, isso equivale a 150 vezes o volume de um ovo de galinha.
Ovo de um pássaro-elefante.
E como uma criatura tão grande como essa foi extinta? A principal causa foi, possivelmente, a ação humana. Por milhares de anos, nossos antepassados dividiram pacificamente terreno com o pássaro-elefante em Madagascar. Porém, há cerca de mil anos, os humanos começaram a caçar essa ave por sua carne.
Outro fator que contribuiu com a extinção foram os ovos desses animais. Como eles eram realmente grandes e resistentes, tribos locais os utilizavam como tigelas. Isso fazia com que as mães fossem os principais alvos dos caçadores, diminuindo o crescimento populacional em pouco tempo. Esse tipo de evento de extinção é chamada de “hipótese blitzkrieg” por alguns cientistas.
Além disso, a crescente mudança climática que estava ocorrendo na mesma época causou uma mudança brusca na vegetação que mantinha as aves vivas. A perda do território, somado à caça, é frequentemente visto como um fator decisivo para a extinção de espécies. Os animais são forçados a migrar e passam a competir por recursos com outras espécies, mais adaptadas à região.