Ciência
18/10/2022 às 02:00•2 min de leitura
Há sete meses e meio, a guerra entre Rússia e Ucrânia iniciou-se. Porém, o andamento do conflito armado não aconteceu exatamente da forma como o governo russo esperava. Os ucranianos conseguiram resistir aos avanços de seu adversário com certa habilidade e até mesmo foram capazes de recuperar alguns territórios.
Tamanha resistência, no entanto, fez com que ameaças nucleares passassem a existir por parte do presidente russo Vladmir Putin. Por esse motivo, o Relógio do Juízo Final, criado pelo Boletim dos Cientistas Atômicos para medir o risco iminente de caos nuclear, está cada vez mais perto de atingir a meia-noite. Entenda o caso!
Leia também: O que significa a nova ameaça de guerra nuclear de Putin?
(Fonte: Win McNamee/Getty Images News)
Criado em 1945 por Albert Einstein e cientistas da Universidade de Chicago, os quais haviam participado do desenvolvimento das primeiras armas nucleares no Projeto Manhattan, o Boletim de Cientistas Nucleares foi responsável por estabelecer o Relógio do Juízo Final dois anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial.
O objetivo era representar o apocalipse como a meia-noite de um relógio, realizando uma contagem regressiva que representa as ameaças ao mundo e à humanidade. Dessa forma, o Relógio do Juízo final tornou-se um símbolo da cultura pop e um verdadeiro indicador de quando estamos ameaçados por mudanças climáticas, tecnologias disruptivas e do que os autores chamam de “catástrofe de armas nucleares”.
A última vez que esse relógio sofreu alterações foi em janeiro de 2020, quando a presidente do Boletim, Rachel Bronson, anunciou solenemente que estamos a 100 segundos da meia-noite — a posição mais próxima do apocalipse na história. Naquela época, a guerra entre Rússia e Ucrânia ainda não havia começado, mas a tensão entre os dois países já estava aumentando e os russos tinham enviado tropas para as fronteiras ucranianas.
Leia também: Relógio do Juízo Final está a 100 segundos do apocalipse
(Fonte: Tim Boyle/Getty Images News)
O horário do Relógio do Juízo Final é definido todos os anos pelo Conselho de Ciência e Segurança, um grupo de especialistas que inclui 11 ganhadores do Prêmio Nobel. O Boletim deste ano, publicados antes de sinais mais concretos de invasão russa em território ucraniano, mostrava um cenário completamente diferente.
Na visão dos especialistas, a derrota do candidato Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos em 2020 havia trazido uma esperança de que a catástrofe pudesse ser interrompida ou até mesmo revertida, com promessas de medidas para um mundo mais seguro anunciadas pelo presidente Joe Biden — incluindo a reintegração ao Acordo de Paris e estabilidade política com a Rússia.
No entanto, o painel do Relógio do Juízo Final julgou que isso não foi suficiente para equilibrar “as tendências negativas de segurança internacional que demoravam a se desenvolver e continuaram ao longo do horizonte de ameaças em 2021”. Muito disso tem a ver com a maneira como os russos liderados por Putin lidavam com a política internacional e no interesse em territórios ucranianos.
Portanto, é de se imaginar que o progresso da guerra entre Rússia e Ucrânia, somado às constantes ameaças de um possível escalonamento para um conflito nuclear, possam fazer com que o Relógio do Juízo Final chegue ao seu número mais drástico de todos os tempos no próximo boletim.