Estilo de vida
09/11/2022 às 06:33•2 min de leitura
Você já se perguntou o que faz com que alguns cheiros sejam agradáveis e outros desprezíveis? A resposta para essa pergunta é uma mistura de história pessoal com a química dos odores que faz com que as pessoas interpretem cheiros de maneiras diferentes. E essa mistura também faz com que alguns aromas fedorentos, pareçam extremamente agradáveis para algumas pessoas.
(Fonte: Unsplash)
Os odores são moléculas voláteis que flutuam no ar até os nossos narizes. Quando respiramos, o ar entra pelas narinas e é levado para as fossas nasais. É lá que as moléculas de odor se instalam em uma membrana mucosa que contém neurônios sensoriais olfativos. A partir dai, a informação percorre um longo caminho até chegar em uma área do cérebro chamada córtex piriforme que está ligada ao sistema límbico — esta é a mesma região onde se encontram as estruturas cerebrais responsáveis pela emoção.
As principais estruturas límbicas que se comunicam com o sistema olfativo são a amígdala, o hipocampo e o hipotálamo. A amígdala está envolvida na expressão e experiência das emoções. O hipocampo está envolvido na memória associativa. Já o hipotálamo é a região que controla a temperatura corporal, a fome, sede, e os ciclos circadianos. É graças a essa ligação entre o olfato e as partes do cérebro relacionadas à emoção e à memória, que cada pessoa interpreta um cheiro de uma maneira diferente.
Mas esse não é o destino final para que possamos compreender um cheiro. Do sistema límbico, a informação olfativa segue para o córtex orbitofrontal. Ali, essa informação se junta à informação do paladar — caso a pessoa esteja comendo algo — e só então o cérebro interpreta o sabor.
A jornada do aroma é concluída no neocórtex. Lá, o cérebro irá realizar um processamento cognitivo, que leva em consideração todas as informações recebidas ao longo desse caminho todo. É nessa etapa final que são definidas as associações que nosso cérebro irá fazer com determinados odores. Como existe uma relação entre os cheiros e nossas memórias, pessoas que foram expostas a odores normalmente desagradáveis, mas em contextos positivos, podem ter uma percepção diferente deles.
(Fonte: Unsplash)
Especialistas em odoros sabem que existem variações em como percebemos os cheiros. Alguns aromas são agradáveis apenas em pequenas doses. O almíscar, por exemplo, é a nota de base de muitos perfumes, mas é considerado ruim em altas concentrações. Ou seja, a maneira como nós somos expostos a um cheiro é importante, mas não é o único fator. A concentração pode afetar a nossa percepção dos cheiros e influencias a nossa relação com eles.
Além disso, nosso sentimento de desgosto pode ser particular. As pessoas costumam não ter problemas com o cheiro das suas próprias flatulências, mas podem ficar muito enojadas com os gases de uma outra pessoa — embora o processo e a composição molecular sejam os mesmos.
Nesse caso, o nojo é uma reação do nosso cérebro, nos alertando que o fedor de outra pessoa pode representar algum tipo de perigo, enquanto nos sentimos bem com o nosso próprio pum, porque sabemos que eles não oferecem risco.