Artes/cultura
23/11/2022 às 08:00•2 min de leitura
O chocolate é conhecido por ser um grande aliado quando estamos vivendo dias ruins. Sua combinação de cacau, açúcar e gordura parece aliviar a tensão, nem que seja por um breve momento. No entanto, parece que a humanidade vai ter que buscar outras formas de lidar com a tristeza, já que as mudanças climáticas provavelmente afetarão a produção de cacau no mundo e sem cacau, adeus chocolate.
Isso se deve, segundo a Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), ao fato de que o cacaueiro é uma planta bastante exigente. Essas árvores só crescem se houver temperatura uniforme, alta umidade, chuva abundante, proteção contra o vento e solo rico em hidrogênio. Resumindo, só crescem em florestas tropicais.
Os principais produtores de cacau hoje são a Costa do Marfim, Gana e a Indonésia. Porém, relatórios intergovernamentais apontam que esses países devem sofrer com um aumento de 2,1 °C na temperatura até 2050. Parece pouco, mas é o suficiente para fazer com que uma planta tão exigente quanto o cacaueiro deixe de dar frutos.
O cacaueiro é uma planta que exige cuidados muito específicos. (Fonte: Shutterstock)
Para tentar reverter esse prognóstico, cientistas da Universidade da Califórnia estão tentando criar sementes de cacaueiro que se adaptem às temperaturas mais elevadas e aos climas mais secos que enfrentaremos no futuro.
A tecnologia por trás dessa tentativa de conter a extinção do chocolate é chamada de CRISPR. Com ela, os pesquisadores conseguem fazer minúsculos e precisos ajustes no DNA. Uma das financiadoras da pesquisa é a Mars, a gigante do mundo dos doces que é dona de produtos como o chocolate Snickers e o M&Ms.
O cupuaçu é muito usado para fazer doces na região amazônica. (Fonte: Shutterstock)
Enquanto ainda não há uma solução para o problema do cacau, produtores brasileiros tem se dedicado a desenvolver um produto alternativo. Trata-se do cupulate, ou seja, uma espécie de chocolate feito de cupuaçu.
O cupuaçu é uma fruta amazônica que pertence ao mesmo gênero do cacau, mas tem algumas variações no gosto. As barras de cupulate são mais macias e ele dissolve na boca mais rápido que o chocolate tradicional. A aparência e o aroma são parecidos com a guloseima feita de cacau, porém o gosto apresenta leves notas cítricas que causam uma certa confusão nos desavisados que comem o cupulate esperando o mesmo sabor do chocolate.
Apesar de parecer uma novidade, o cupulate é um velho conhecido da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que patenteou o produto ainda na década de 1980. A dificuldade enfrentada pelo primo do cacau parece ser a comparação com o chocolate, mas quem sabe no futuro ele será o nosso novo aliado nos dias ruins.