Cão salsicha pode ter participado de lutas de animais no Coliseu

Além de leões, tigres e outros animais, os cachorros salsicha também podem ter participado dos eventos que divertiam o público no Coliseu da Roma antiga, juntamente com as batalhas de gladiadores. É o que sugere uma descoberta recente feita por arqueólogos italianos.

Pela primeira vez, foram encontrados restos mortais de cães de porte pequeno semelhantes à raça dachshund moderna, como os especialistas contaram em entrevista ao The Telegraph na sexta-feira (25). O material foi achado durante escavações feitas nos drenos e esgotos do anfiteatro romano de 2 mil anos.

De acordo com a diretora do Coliseu, Alfonsina Russo, as ossadas encontradas no local pertenciam a cães com menos de 30 cm de altura. Uma das possibilidades levantadas pelos especialistas é que os ancestrais do cão salsicha participavam de eventos para animar os espectadores.

(Fonte: Shutterstock)

“Achamos que eles podem ter sido usados para realizar truques acrobáticos, assim como você veria em um circo hoje. Ou pode ser que eles tenham sido usados como parte de caçadas encenadas ou mesmo lançados contra ursos e animais assim. Não sabemos ao certo”, disse ela ao veículo britânico.

Pequenos e ferozes

Originário da Alemanha, o cachorro dachshund foi criado com o objetivo de caçar texugos. Suas características físicas marcantes, incluindo as pernas curtas e o corpo comprido, que levaram ao popular apelido de salsicha, permitiam entrar e sair dos buracos facilmente, em busca do seu alvo.

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Os antigos romanos provavelmente aproveitaram tais características, juntamente com as habilidades de caça do pequeno animal, que ao encontrar o alvo pode se tornar feroz, para colocá-lo em desafios contra outros bichos de porte muito maior. Acostumado a lidar com presas perigosas, ele não teria medo ao ficar frente a frente com os oponentes.

(Fonte: Shutterstock)

As escavações nos drenos do Coliseu também revelaram ossadas de outros animais igualmente utilizados nos eventos para entreter os cidadãos romanos. Entre eles, estavam restos mortais de outros tipos de cachorros, com porte grande, ursos, leopardos, leões e avestruzes.

Essas descobertas surgiram durante o período de um ano no qual os arqueólogos passaram escavando as áreas subterrâneas da edificação que tinha capacidade para cerca de 50 mil pessoas. O trabalho envolveu a exploração de 70 metros de drenos e esgotos, que muitas vezes estavam cheios de lama.

Comportamento do público

Além das ossadas dos bichos usados nas lutas entre animais, as escavações também renderam outros achados importantes, que mostraram um pouco do comportamento de quem ia ao Coliseu. Os arqueólogos encontraram, por exemplo, restos dos lanches saboreados nas arquibancadas, como nozes, azeitonas, figos, pêssegos, uvas, melões e sementes de cerejas.

Dados usados para entreter os espectadores antes do início dos jogos foram outros objetos achados, assim como dezenas de moedas de bronze do fim do período romano e uma moeda de prata comemorativa aos 10 anos de administração do imperador Marco Aurélio.