Ciência
14/12/2022 às 06:30•2 min de leitura
Quem não se apaixonou por Crush, a tartaruga marinha de 150 anos — e ainda jovem, segundo o próprio — do filme "Procurando Nemo"? A espécie do personagem na vida real é a tartaruga verde, uma das maiores do seu tipo. Possui de 70 cm a 1,5 metros de comprimento, e pode pesar até 204 quilos. Grandona, não é mesmo? Agora, imagine uma tartaruga 3,7 metros — mais do que o dobro do tamanho das tartarugas marinhas atuais — cruzando o oceano. Acredite se quiser: ela já existiu, há 80 milhões de anos!
Os fósseis do animal foram recém descobertos por paleontólogos na Espanha, e sugere que seja a maior espécie de tartaruga já vista na Europa. Ficou curioso para saber mais? Continue a leitura!
(Fonte: Shutterstock)
A espécie, chamada de Leviathanochelys aenigmatica pelos pesquisadores, foi identificada a partir de um fóssil completo da pelve e de fragmentos de sua carapaça — o casco da tartaruga —. Essa junção de partes do animal conseguiu comprovar que este gigante dos mares teria as mesmas medidas do comprimento médio de um rinoceronte, e habitava os oceanos há cerca de 83,6 milhões de anos, durante o período Cretáceo (145 milhões a 66 milhões de anos atrás).
A descoberta foi feita por paleontólogos do Instituto de Paleontologia Miguel Crusanfornt, em Barcelona, e do Departamento de Ciências Geológicas da Universidade de Masaryk, na República Tcheca. Os fragmentos do fóssil foram coletados durante escavações no sítio arqueológico oceânico de Cal Torrades, no nordeste da Espanha, entre os anos de 2016 e 2021. Os pesquisadores consideravam estar montando um quebra-cabeça onde cada parte do corpo do animal era encontrada por escavação, formando a atual figura da tartaruga gigante.
(Fonte: Shutterstock)
O animal tem pouco mais de duas vezes o tamanho das maiores tartarugas marinhas vivas, as tartarugas-de-couro (Dermochelys coriacea), que podem atingir até 1,8 metros de comprimento. No entanto, a espécie recém descoberta fica um pouco abaixo do recorde estabelecido pela maior tartaruga do mundo, a extinta Archelon ischyros, que tinha um comprimento máximo 4,6 metros.
Fósseis de antigas tartarugas gigantes, como a A. ischyros, são predominantemente encontrados na América do Norte e na América do Sul e, até agora, nenhuma tartaruga marinha europeia maior que a tartaruga-de-couro, viva ou extinta, foi descoberta.
(Fonte: Shutterstock)
Lembra que dissemos acima que a gigante marítima foi descoberta juntando os restos fósseis de sua pélvis e sua carapaça? Essa junção não apenas sugere o imenso tamanho da antiga tartaruga, como também ajuda a fornecer pistas sobre o passado evolutivo da espécie. A pélvis da L. aenigmatica tem uma protuberância incomum, provavelmente ligada ao sistema respiratório do animal. Essa característica única é tão diferente de tudo o que já foi visto em tartarugas modernas ou extintas, que a espécie foi colocada em um novo gênero, de acordo com os paleontólogos.
Essa descoberta, portanto, derruba o que os pesquisadores sabem sobre a evolução do gigantismo na espécie do animal marítmo, pois sugere que houve mais de uma linhagem de tartarugas marinhas que cresceram até tamanhos extremos. Também evidencia a existência de outras espécies antigas de tartarugas gigantes esperando para serem descobertas.