Erupção de vulcão de gelo é detectada em cometa no Sistema Solar

22/12/2022 às 13:002 min de leitura

Um acontecimento curioso chamou a atenção de astrônomos na última semana: um bizarro cometa vulcânico entrou em erupção violentamente, expelindo mais de 1 milhão de toneladas de gás, gelo e os chamados "potenciais blocos de construção de vida" no Sistema Solar.

Esse cometa volátil é conhecido entre os pesquisadores como 29P/Schwassmann-Wachmann, possuindo 60 km de largura e com órbita solar de 14,9 anos. Acredita-se que esse seja o cometa mais vulcanicamente ativo do nosso Sistema Solar, fazendo parte dos 100 cometas conhecidos como "centauros" — que foram empurrados para fora do Cinturão de Kuiper. 

Atividade vulcânica

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

No dia 22 de novembro, o astrônomo Patrick Wiggins notou que o brilho do 29P havia aumentado drasticamente. Então, observações subsequentes feitas por outros pesquisadores revelaram que esse pico de luminosidade aconteceu por conta de uma grande erupção vulcânica — a maior vista nesse astro nos últimos 12 anos. 

Em entrevista à Live Sciente, a pesquisadora da Universidade de Cardiff, Cai Stoddard-Jones, afirmou que uma erupção desse tamanho é bastante rara e também é difícil dizer o motivo dela ser tão grande. A explosão foi seguida por duas outras erupções menos no dia 27 e no dia 29 de novembro, de acordo com a Associação Astronômica Britânica (BAA). 

Ao contrário do que acontece com vulcões na Terra, que ejetam magma escaldante e cinzas do manto terrestre, o 29P cospe gases extremamente frios e gelo de seu núcleo. Esse tipo incomum de atividade vulcânica é conhecida entre os especialistas como criovulcanismo ou "vulcanismo frio". 

Criovulcanismo no universo

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Corpos criovulcânicos não são exatamente uma novidade no Sistema Solar, existindo também o Encélado de Saturno, Europa de Júpiter e Tritão de Netuno. Todos eles possuem uma crosta superficial em torno de um núcleo gelado principalmente sólido. Com o tempo, a radiação do Sol faz com que esses interiores gelados sublimem de sólido para gás, o que causa um acúmulo de pressão sob a crosta.

Essa pressão faz com que a camada externa se quebre e o criomagma seja lançado no espaço. O criomagma de cometas como o 29P é composto de monóxido de carbono e gás nitrogênio, bem como alguns sólidos gelados e hidrocarbonetos líquidos — matérias-primas das quais a vida se originou em nosso planeta.

Na visão de parte dos astrônomos, esse tipo de erupção se dá por conta da rotação mais lenta do 29P, o que faz com que a radiação solar seja absorvida de forma mais desigual no cometa. Existem também uma suspeita de que as erupções mais explosivas seguem um ciclo baseado na órbita do cometa ao redor do Sol.

Desde que foi descoberto em 1927, o 29P foi alvo de pouquíssimos estudos por parte da comunidade astronômica. No entanto, à medida que surgem novas evidências sobre sua atividade vulcânica incomum, ele tem despertado cada vez mais atenção. Em breve, o Telescópio Espacial James Webb deverá fornecer mais detalhes sobre esse astro.

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