Sapo-de-vidro: conheça a espécie que fica quase invisível ao dormir

Você já ouviu falar dos sapos-de-vidro? Quando esse espetacular anfíbio se prepara para dormir, seu corpo fica tão transparente que chega a ser praticamente invisível para qualquer tipo de predador. Sua pele é tão clara que não projeta sombras no chão, fazendo com que mescle muito bem ao ambiente em que está inserido.

Para se ter ideia de como esse mecanismo é realmente maluco, até mesmo o sangue vermelho presente no corpo desses sapos desaparece de suas veias. O truque é bastante incomum na natureza, uma vez que a grande parte das criaturas transparentes são aquáticas — como os peixes-gelo e as águas-vivas. Então, como é que o sapo-de-vidro faz para ser assim? Descubra!

Importância dos glóbulos vermelhos

(Fonte: Jesse Delia/Divulgação)

Em entrevista para o National Geographic, o pesquisador do Museu Americano de História Natural de Nova York, Jesse Delia, falou um pouco sobre o mecanismo de sobrevivência dos sapos-de-vidro. "A transparência é rara e muito difícil de fazer, porque nossos tecidos estão cheios de coisas que absorvem e espalham a luz", explicou.

Segundo Delia, o mesmo vale para os nossos glóbulos vermelhos, que também absorvem luz. Até mesmo os sapos-de-vidro, que são criaturas noturnas, apresentam um labirinto de sangue vermelho brilhante quando estão ativos durante a noite. Portanto, era necessário saber o que acontecia com esse sangue durante o dia.

Em um novo estudo publicado na Science, Delia e outros pesquisadores detalharam como, durante o sono, esses animais desviam a maior parte de seus glóbulos vermelhos para a região do fígado, que cresce cerca de 40% somente para acomodar essas células extras. Assim como acontece com o coração e os órgãos digestivos do sapo-de-vidro, o fígado desse anfíbio é envolto em um saco espelhado que ajuda na sua camuflagem.

Análise de imagem

(Fonte: Universidade de Duke/Divulgação)

Para desvendar como os sapos-de-vidro faziam seu sangue "desaparecer" enquanto dormem, os pesquisadores decidiram usar técnicas de imagem não invasivas para observar o comportamento dessas criaturas. Ao longo dessa etapa, os cientistas notaram que os animais moveram impressionantes 89% de seus glóbulos vermelhos para o fígado enquanto tiravam um cochilo.

Segundo o estudo, os sapos se tornavam em média 34 a 61% mais transparentes durante o sono. Visto que a junção de glóbulos vermelhos em uma única parte do corpo pode ser responsável por gerar coágulos sanguíneos ou até mesmo obstruir veias ou artérias, compreender como esses sapos se mantinham saudáveis durante essa ação era um verdadeiro mistério.

A equipe de pesquisa espera que, a partir do momento que essa questão seja solucionada, isso possa nos ajudar a avançar novos estudos sobre coágulos sanguíneos em humanos. De todo modo, a descoberta de como o sistema de camuflagem funciona já é bastante novo e empolgante, uma vez que essa é uma estratégia fascinante para um ser vivo maximizar a quantidade de luz que pode passar por um corpo complexo.