Artes/cultura
30/12/2022 às 13:00•5 min de leitura
As profundezas do oceano abrigam segredos que a mente humana é incapaz de imaginar. Apesar de a Terra ser conhecida como o “Planeta Água”, cerca de 80% do oceano ainda não foi explorado. Do pouco que sabemos, o fundo do mar está repleto de criaturas um tanto quanto bizarras — mas maravilhosas.
À medida que os humanos se aventuram mais fundo no abismo, mais delas são avistadas. Em 2022, os cientistas descobriram um aquário inteiro de belezas no fundo do mar. De gosma azul a um verme de espaguete, aqui estão algumas das descobertas mais bizarras do ano. Confira!
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(Fonte: MBARI)
Imagens extremamente raras de uma mamãe lula carregando um fio gelatinoso de ovos perolados brilhantes foram capturadas nas profundezas do oceano na costa da Califórnia. Os pesquisadores do Monterey Bay Aquarium Research Institute (MBARI), avistaram o animal — uma espécie desconhecida do gênero Bathyteuthis — com uma ROV (do inglês Remotely operated underwater vehicle, ou "veículo submarino operado remotamente"), a cerca de 90 quilômetros da costa, a uma profundidade de aproximadamente 1.390 metros.
As mães lulas geralmente não carregam ou chocam os seus ovos. A maioria das fêmeas os libera no fundo do mar ou em grandes aglomerados gelatinosos. A incubação pode aumentar a chance da eclosão de ovos, mas também aumenta o risco de predação para a mãe, e é por isso que o caso é tão raro. A mãe superprotetora pode parecer grande na imagem em comparação com seus ovos, mas, na realidade, o seu manto — a parte principal do corpo de uma lula — só pode crescer até um comprimento máximo de 7,5 centímetros.
(Fonte: Nautilus Live/Ocean Exploration Trust)
Uma bizarra criatura, semelhante a um saco plástico flutuante com órgãos brilhantes de Cheetos, foi visto nas profundezas do oceano perto do Havaí. Os pesquisadores da Nautilus Live avistaram a criatura à deriva em uma profundidade de 2.201 metros no Monumento Nacional Marinho — a maior área marinha protegida do mundo — à sudoeste de Honolulu.
O animal é, na verdade, um pepino-do-mar da família Elpidiidae, que limpa pedaços de detritos orgânicos, também conhecidos como neve marinha, que caem no fundo do mar. A criatura transparente possui um apêndice em forma de barbatana, que o ajuda a nadar distâncias curtas no fundo do mar. Era isso, inclusive, que o bichinho estava fazendo quando os pesquisadores o avistaram. Os tubos laranjas brilhantes dentro do animal são os seus intestinos, mas ainda não se sabe por que eles são tão coloridos.
(Fonte: MBARI)
Um animal bem esquisito, coberto por tentáculos laranjas luminosos semelhantes a espaguetes, foi visto pelos pesquisadores do MBARI e causou um alvoroço na internet. O chamado verme brilhoso, do gênero Biremis, foi encontrado no Golfo da Califórnia, na costa do México.
O verme, que imita um macarrão, não tem olhos, nem guelras, e usa os seus tentáculos coloridos para pegar os minúsculos pedaços de neve marinha que caem no fundo do mar, igual ao nosso amigo do item cima. A maioria dos vermes de espaguete vive em tocas ou túneis abaixo do fundo do mar, e apenas enfia seus tentáculos na água para pegar pedaços de comida. Entretanto, o animal passa a sua vida acima do fundo do oceano e já foi visto nadando na água para encontrar locais onde a comida é abundante.
(Fonte: DeepCCZ expedition/Gordon & Betty Moore Foundation/NOAA)
Uma criatura gelatinosa — que se parece muito com uma casca de banana — foi avistada por pesquisadores no Oceano Pacífico. O animal, conhecido como esquilo gelatinoso (Psychropotes longicauda) é, na realidade, um pepino-do-mar, e possui cerca de 60 cm de comprimento.
O bichinho foi uma das 55 espécies coletadas por cientistas do Museu de História Natural de Londres, após explorarem o fundo do mar da Zona Clarion-Clipperton do Pacífico, localizada entre o Havaí e o México. Outras criaturas notáveis da viagem incluem uma esponja marinha em forma de tulipa e um coral que pode ser exclusivo do Oceano Atlântico. A descoberta é inédita e muito importante — acredita-se que até 39 das criaturas coletadas podem pertencer a espécies nunca vistas antes.
(Fonte: NOAA Ocean Exploration/Voyage to the Ridge)
Esse bichinho azul bonitinho deixou cientistas americanos completamente intrigados com o que viram no fundo do mar de St. Croix, nas Ilhas Virgens Americanas. Pesquisadores da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), avistaram várias criaturas rastejantes de cor azulada entre 1.335 e 2.005 pés (407 e 661 metros) abaixo da superfície da água.
Eles ficaram tão assustados que fizeram uma live para mostrar a descoberta nas redes sociais. Durante a transmissão ao vivo, as sugestões incluíam corais moles e esponjas marinhas, mas não houve uma resposta unânime. "Posso dizer que não é uma pedra, mas é o mais longe que posso ir", brincou um pesquisador.
(Fonte: MBARI)
A lula morango (Histioteuthis heteropsis) possui um grande olho bulboso amarelo, enquanto o outro é pequeno e preto. A equipe encontrou o cefalópode a uma profundidade de 725 metros) em Monterey Canyon, na costa da Califórnia.
Os olhos incompatíveis da criatura dão a ela uma vantagem incomum no oceano profundo: o amarelo olha para cima para detectar sombras projetadas por animais e o preto olha para baixo, procurando por flashes de bioluminescência emitidos por presas e predadores em potencial.
Curiosamente, os filhotes da H. heteropsis nascem com dois olhos de tamanhos idênticos. À medida que vão crescendo, o olho esquerdo aumenta de tamanho e o direito permanece da mesma forma. Na idade adulta, o olho esquerdo pode ter o dobro do tamanho do olho direito.
(Fonte: Trapman Bermagui)
Será que a música ainda ia ser "Tubarão, te amo!" se todos os tubarões do mundo fossem iguais ao da foto acima? Um tanto quanto muito estranho, certo? Um pescador na costa da Austrália ficou chocado ao fisgar esse animal simpático e, ao mesmo tempo, assustador. A criatura tinha olhos esbugalhados, pele áspera semelhante a uma lixa, focinho grande e pontudo e um sorriso muito semelhante ao humano. Ninguém sabe exatamente a qual espécie o tubarão de aparência bizarra pertence, o que aumentou o mistério em torno do animal, encontrado a cerca de 650 metros abaixo da superfície.
As suposições sobre o tipo do tubarão incluíam o tubarão cortador de biscoitos, tubarão-duende, tubarão-lanterna, cação empreendedor, tubarão-galinha e cação-pele áspera. Vários especialistas acreditam que o animal era, provavelmente, um tubarão gulper. Essa espécie em sua maioria é muito sensível à superexploração da pesca, e, como resultado, estão altamente ameaçados na Austrália.
(Fonte: Sarah Friedman/NOAA)
Pesquisadores ficaram surpresos depois de fisgarem um peixe de aparência bizarra e gelatinosa enquanto exploravam o fundo do mar na costa das llhas Aleutas, no Alasca. O animal, conhecido como caracol manchado (Crystallichthys cyclospilus), tinha o corpo translúcido coberto de manchas aneladas e uma ventosa incomum na barriga, que, na verdade, é uma nadadeira modificada que permite que ele se prenda ao fundo do mar.
O caracol manchado pode viver em águas de até 830 metros abaixo da superfície do oceano. Sua consistência gelatinosa permite que eles resistam à pressão esmagadora do mar profundo, e seus corpos translúcidos ajudam a escondê-los dos predadores. No entanto, grande parte de sua história de vida permanece um grande mistério para os cientistas.
(Fonte: Courtesy Alan Jamieson)
Uma equipe de pesquisadores em busca dos destroços de um destróier perdido da Segunda Guerra Mundial fez outra descoberta empolgante: evidências em vídeo da lula que nada mais fundo já registrada. Eles avistaram a lula bigfin, da família Magnapinnidae, logo acima do solo da Fossa das Filipinas, a uma profundidade impressionante de cerca de 6.200 metros de profundidade. Os pesquisadores também avistaram quatro polvos dumbo por ali.
O cefalópode que vive nas profundezas quebrou o recorde do campeão anterior, outra lula bigfin, avistada a cerca de 4.700 metros abaixo do Oceano Pacífico.
(Fonte: Ming-Chih Huang/Journal of Natural History)
Uma barata-do-mar colossal com cor de baunilha foi descoberta bem abaixo da superfície do oceano do Golfo do México. A espécie recém-descoberta, Bathynomeus yucatanensis, foi capturada em uma armadilha de gaiola com isca, instalada a cerca de 600 a 800 metros abaixo do nível do mar. Os pesquisadores, no início, pensaram se tratar de uma espécie próxima ao Bathynomus yucatanensis, mas a análise de DNA revelou mais tarde que essa era uma espécie nunca vista antes.
Com mais de 26 metros de comprimento, a criatura é 2.500% maior do que o piolho-da-terra, também conhecido como tatuzinho.