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11/01/2023 às 12:00•2 min de leitura
Voltar o olhar para o passado das civilizações nos permite obter uma nova dimensão acerca do seu processo de desenvolvimento, ressignificando muitas das descobertas realizadas. Isso é o que mostra um estudo publicado no Cambridge Archaeology Journal neste mês de janeiro, que foi investigar mais a fundo as pinturas rupestres criadas há mais de 30 mil anos.
Isso porque, além das ilustrações que identificam diversas espécies animais, elas remetem a inúmeros relatos sobre o processo de caça e mesmo da forma de vida de antigos povos, de forma geral. Mas além disso, é necessário considerar que ainda hoje há a presença de muitos elementos que não foram amplamente compreendidos nessas obras.
Hipótese sustentada pelos pesquisadores propõe uma nova interpretação para as pinturas. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Considerando que não é possível determinar com precisão o que um determinado elemento presente nessas ilustrações significa, a análise realizada levou em conta mais de 800 sequências dispostas nas figuras de animais feitas no período do paleolítico superior na Europa e também na Idade da Pedra africana.
Essa investigação, que teve como ponto de partida a presença de marcas encontradas recorrentemente nas pinturas, constatou que em nenhuma vez elas apareciam em quantidade superior a treze — o que, segundo os pesquisadores, reforça a hipótese de que façam referência ao calendário lunar, de treze meses.
Detalhe de uma das obras mostra a presença de quatro pontos. (Fonte: Wikimedia/Reprodução)
Ou seja, um novo olhar para as pinturas rupestres pode até mesmo nos fazer repensar sobre o processo do desenvolvimento da comunicação humana. Afinal, uma vez que comprovada a hipótese que tais símbolos escritos continham representações e significados específicos, eles podem ser encarados como uma forma elementar de escrita que se desenvolveu antes do que se pensava até então, sendo a primeira da história do Homo sapiens.
Essa indicação de sazonalidade, inclusive, não foi a única apontada pelos estudiosos. Eles também acreditam que as marcas dispostas no formato em Y, junto à figura dos animais nessas pinturas rupestres analisadas, por sua vez, seriam uma maneira adotada para sinalizar a estação de acasalamento de uma determinada espécie. As hipóteses fornecidas, contudo, ainda geram divergências entre pesquisadores.
A arte rupestre, que apresenta a constante presença de ilustrações de animais, intriga pesquisadores ainda hoje. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Nesse contexto, os pontos e traços já eram encarados como uma forma de contagem, e acredita-se que os povos do paleolítico superior eram capazes de utilizar números até o 377, aproximadamente, conforme já havia sido apontado numa pesquisa publicada em 1991 que é considerada relevante para pesquisadores da área.
Essa perspectiva, que destaca como esses povos transmitiam informações entre gerações, reforça o quanto ainda é importante buscar uma melhor compreensão das obras desse período, uma vez que os avanços nesse campo podem ajudar a desvendar como seu deu o processo de desenvolvimento da escrita humana.