Artes/cultura
23/02/2023 às 06:30•2 min de leitura
A geleira Thwaites, na Antártida, está derretendo mais rápido do que o esperado e ficando próxima de colapsar, podendo trazer sérias consequências para as cidades à beira-mar. É o que revelam dois novos estudos, publicados na revista Nature no dia 15 de fevereiro.
Também conhecida como a “geleira do Juízo Final”, devido ao aumento do nível do mar que o seu derretimento pode provocar, a gigantesca plataforma de gelo está se tornando cada vez mais vulnerável ao aquecimento do oceano. Nas investigações, os cientistas encontraram “formações de escadas” e rachaduras profundas que aceleram a sua quebra.
As descobertas referentes ao fundo da geleira indicam um derretimento rápido nesta área e que a água quente e salgada estaria ampliando as fendas e rachaduras, aumentando a instabilidade da formação. Com isso, o colapso pode acontecer antes do previsto, embora a taxa de derretimento tenha sido menor do que as estimativas.
(Fonte: Unsplash)
“O que descobrimos é que, apesar de pequenas quantidades de derretimento, ainda há um rápido recuo da geleira, então parece que não é preciso muito para empurrar a geleira para fora de equilíbrio”, explicou o oceanógrafo Peter Davis, líder de um dos estudos. Os dados mais recentes corroboram as informações divulgadas por uma investigação feita em 2021.
Localizada na Antártida Ocidental, a geleira Thwaites funciona como uma espécie de rolha, evitando o aumento do nível do mar. Mas ela já recuou cerca de 14 km desde os anos 1990, se expondo ainda mais às águas quentes.
Pensando em conferir as mudanças causadas pelo aquecimento global, uma equipe formada por 13 cientistas dos Estados Unidos e do Reino Unido passou seis semanas por lá, entre o final de 2019 e o início de 2020. A pesquisa contou com o auxílio de um robô em formato de torpedo, que monitorou o fundo da estrutura pela primeira vez.
Icefin. (Fonte: Cornell University/Divulgação)
Chegando a áreas antes inacessíveis, o instrumento robótico batizado de Icefin registrou imagens da porção subaquática da “Geleira do Fim do Mundo” e monitorou a temperatura, salinidade da água e as correntes oceânicas, entre outros dados. O dispositivo era operado remotamente.
Antes da utilização do equipamento, os cientistas dependiam das imagens feitas por satélite para estudar o comportamento da geleira, o que dificultava obter um maior detalhamento. Agora, eles podem conferir as mudanças na formação de perto.
Mesmo com a aceleração detectada agora nestes estudos, o derretimento da “Geleira do Apocalipse” pode demorar de centenas a milhares de anos para acontecer. Mas a sua desintegração, quando ocorrer, deverá trazer sérias consequências para as cidades costeiras, afetando a todos.
Estima-se que a desintegração da estrutura de gelo na Antártida poderá aumentar o nível do mar em até 3 metros, globalmente, causando grandes mudanças nas cidades litorâneas. O seu colapso pode ainda influenciar outras geleiras próximas.