Ciência
11/03/2023 às 07:00•2 min de leitura
A pesquisa do Slashgear indicou em 2022 que a maioria das pessoas troca de celulares a cada dois ou três anos. Isso é tempo suficiente para a bateria, principal responsável pela mudança, começar a incomodar os usuários, bem como para as empresas de tecnologia apresentarem novos recursos que o consumidor certamente vai desejar em sua próxima aquisição.
Só no ano passado, cerca de 1,35 bilhão de celulares foram vendidos no mundo, com a Apple dominando o mercado com mais de 250 milhões de unidades vendidas. Entre 1994 e 2018, mais de 19 bilhões de unidades foram distribuídas pelo globo.
Em meio a esse excesso todo, poucas pessoas se questionam sobre do que esses celulares são compostos. Plástico? Metal? Algum tipo de liga sintética? A tela é de vidro?
Já parou para pensar que esses componentes, se não são extraídos da natureza, contribuindo para a escassez das fontes naturais, são fabricados sob a queima de combustíveis fósseis que levam à poluição do ar, que mata cerca de 6,5 milhões de pessoas a cada ano?
Eis aqui os recursos ameaçados de extinção devido à produção excessiva de celulares.
(Fonte: The Economic Times/Reprodução)
Em 2007, o Statista mostrou que o silício, plástico, ferro, alumínio, cobre, chumbo, zinco, estanho e outros tipos de elementos que fazem parte da indústria dos smartphones não são renováveis.
Dos 90 elementos que compõem a Tabela Periódica, um total de 30 é usado na confecção de apenas um celular, incluindo cobre, ouro, prata, lítio, cobalto, ítrio, térbio e disprósio. A maioria deles já está ameaçada de extinção, com os cientistas prevendo seu esgotamento em até 100 anos.
Para se ter uma ideia do quão não renováveis esses elementos são, o óleo e o gás levaram 60 milhões de anos para se formarem, bem como o ferro se formou há quase 1,8 bilhão de anos na crosta terrestre. Ou seja, aquele telefone trocado a cada dois ou três anos possui fragmentos insubstituíveis. Entre todas as questões que temos, essa é mais uma com a qual precisamos lidar – e o mais rápido o possível.
(Fonte: Showmetech/Reprodução)
Para a sociedade retardar essa caminhada ao abismo da extinção, basta um olhar um pouco mais crítico à bilionária indústria da tecnologia que, cada vez mais, está focada mais no faturamento que no consumidor.
Segundo a CNET, faz pouco sentido trocar um dispositivo caro e totalmente funcional a cada dois anos, porque as mudanças nos modelos novos estão cada vez menores.
Mas é difícil explicar isso para uma sociedade que vive à mercê da Síndrome de FOMO (Fear Of Missing Out), o medo de ficar de fora das tendências, que associado com a força motriz do mercado em fabricar produtos cada vez mais descartáveis, formam uma combinação perfeita – e igualmente destrutiva.
(Fonte: Fox News/Reprodução)
Isso tudo seria menos problemático se a indústria da tecnologia investisse mais na conscientização para a reciclagem dos aparelhos móveis. A New Tech Recycling diz que praticamente 100% de todos os telefones celulares são recicláveis, mas apenas 15% deles acabam sendo reciclados.
Enquanto isso, toneladas de lixo eletrônico se empilham em lugares distantes e empobrecidos na Índia, em Gana ou na China, onde crianças queimam esses restos para poder extrair metais, fios de cobre, de ouro e de prata para venderem a comerciantes de reciclagem por apenas alguns dólares.
A maneira de diminuir os danos e impactos é reduzir a compra de telefones. Afinal, depois que todos os elementos ameaçados atingirem um ponto crítico na natureza, as pessoas não terão outra escolha. Inclusive, quando isso acontecer, é inevitável uma convulsão econômica e social.