Artes/cultura
09/03/2023 às 08:41•2 min de leitura
Na obra que trata das Guerras da Gália, Júlio César (100–44 a.C.), líder que comandou Roma antes do período do Império, narra em primeira pessoa as campanhas que participou, incluindo descrições do uso de artefatos e de estratégias adotadas na sua empreitada.
Apesar de serem encarados como um possível meio de enaltecer a própria figura, os relatos permitiam dar um vislumbre de como os romanos lutavam naquele período. E graças ao trabalho de investigação de uma equipe de pesquisadores da Universidade de Goethe, um dos artefatos descritos por Júlio César foi encontrado por arqueólogos.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Em 2016, quando identificaram diferenças no padrão do solo de uma região em Bad Ems, na Alemanha, a hipótese que havia ocorrido algum tipo de obra no entorno ganhou força. Para investigar essa possibilidade, pesquisadores se dedicaram a analisar essa área (que já era escavada desde o fim do século XIX), situada entre as cidades de Bonn e Mainz.
A partir disso, as escavações relevaram a existência de um acampamento militar romano que se estendia por 8 hectares, constituindo uma estrutura que abrigou temporariamente cerca de 3 mil soldados romanos.
Dois quilômetros ao lado, outro acampamento de menores dimensões foi encontrado, com capacidade de abrigar 40 soldados. Além disso, outro elemento que contribuiu para tornar a descoberta mais precisa foi a presença de uma moeda datada do ano 43 d.C.
(Fonte: Frederic Auth/Universidade de Goethe/Reprodução)
E foi nessa mesma área, na fronteira da Roma Antiga, que também foi localizada uma estaca de madeira intacta próxima de uma vala, sendo item presente em relatos e que não havia sido encontrado até então. Surpreendentemente, a identificação dos dois objetos ocorreu no penúltimo dia das escavações.
De forma geral, as estacas de madeira usadas pelos soldados romanos tinham aplicação similar a dos atuais arames farpados, de modo que essas estruturas de defesa atuavam como uma armadilha fatal para quem caísse na vala escondida com galhos, garantindo, assim, a segurança do forte.
A existência de uma reserva de prata na região, inclusive, poderia ser o motivo por trás da localização dessas instalações, que foram queimadas propositalmente, como apontam os vestígios deixados. Mas para que essa hipótese seja comprovada, no entanto, ainda se fazem necessárias novas investigações.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Apesar do esforço empregado para explorar uma mina de prata que estava próximo dali, protegendo a área de possíveis ataques com a construção do forte e o uso das estacas de madeira, os romanos não chegaram a descobrir todo o potencial da reserva.
Tácito, historiador romano, em seus escritos, apontou na mesma direção, mencionando que a tentativa de exploração havia falhado em 47 d.C., devido ao baixo rendimento. Contudo, cerca de 200 toneladas de prata foram encontradas muitos séculos depois, mostrando que os romanos estavam certos em suas suposições inicialmente.