'Minicérebros': o que são e como contribuem com a ciência

20/03/2023 às 09:002 min de leitura

Nos últimos anos, cientistas apresentaram ao mundo os organoides humanos conhecidos como "minicérebros" e trouxeram discussões interessantes entre entusiastas: será possível reproduzir a consciência de um ser vivo e gerá-la por meio de tecidos cerebrais? Essa nova era de descobertas, além de validar pesquisas avançadas e com grande potencial na área de saúde, levaram o público a um vislumbre do futuro, supondo como esses projetos poderiam contribuir com a produção científica.

Os organoides cerebrais exigem a aplicação de um processo de reversão via produtos químicos, onde as células humanas adultas são convertidas para um estado semelhante ao das células-tronco. Assim, elas adquirem potencial para originar unidades estruturais do sangue, da pele, do intestino e de outros órgãos, sendo consideradas "pluripotentes induzidas" (iPSC). Além disso, os "minicérebros" também podem ser criados a partir de tecido embrionário humano.

A indução combina uma matriz rica em proteínas com moléculas específicas e fatores de crescimento, onde substâncias são aplicadas em estágios específicos do desenvolvimento. Após serem colocadas em biorreatores giratórios, essas "bolhas" têm seus crescimentos suspensos em vez de esmagados contra uma superfície plana, permitindo que haja a absorção completa de nutrientes e de uma quantidade efetiva de oxigênio. À medida que se desenvolvem, os organoides se tornam mais complexos e adquirem inúmeras funções.

Antes de se tornarem modelos simplificados de cérebros humanos em tamanho real, eles podem imitar funções específicas de tecido cerebral, mostrar organização espacial familiar para os pesquisadores e armazenar células comumente encontradas no organismo humano. Assim, é possível usá-los em uma variedade de aplicações, incluindo os "copos ópticos", que eventualmente dá origem à retina sensível à luz na parte de trás do olho, e a criação de ondas cerebrais semelhantes às observadas em bebês prematuros.

(Fonte: Live Science / Reprodução)(Fonte: Live Science / Reprodução)

Segundo os estudiosos, os "minicérebros" também podem ser utilizados em pesquisas sobre defeitos congênitos e distúrbios de desenvolvimento durante a gravidez (no caso da ingestão de drogas) e no rastreamento de doenças infecciosas, tumores cerebrais e distúrbios neurodegenerativos — como Alzheimer e Parkinson. Porém, até o momento, não há modelos avançados o suficiente para substituir parcial ou totalmente os modelos de doenças celulares e de animais estabelecidos.

Os "minicérebros" podem se tornar sencientes?

Comumente chamados de "minicérebros", os organoides não são cérebros humanos e consistem em bolhas esféricas capazes de simular algumas características — tanto físicas quanto funcionais. Por exemplo, eles incluem alguns tipos de células encontradas no córtex cerebral, a superfície externa enrugada do cérebro e várias camadas de tecido, além de poderem gerar mensagens químicas e ondas "neurais".

Apesar disso, não há nada que garanta que eles podem se tornar estruturas "pensantes", ou seja, com uma consciência autônoma. Nessa questão em específico, como não há um consenso acadêmico sobre o que significaria, essencialmente, o termo "consciência", os cientistas são incapazes de levar em consideração os supostos padrões estabelecidos para medir o fenômeno. Assim, muito se questiona sobre os limites éticos de trabalhar com os organoides.

Em 2021, o comitê formado pelas Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina concluíram que é improvável a constituição de pensamento por parte dos organoides cerebrais e negou o surgimento de qualquer atividade vinculada à percepção, consciência, emoção ou experiência de dor. "De uma perspectiva moral, os organoides neurais não diferem atualmente de outros tecidos ou culturas neurais humanas in vitro. No entanto, à medida que os cientistas desenvolvem organoides significativamente mais complexos, a possível necessidade de fazer essa distinção deve ser revisada regularmente", concluem os pesquisadores.

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