Estilo de vida
04/04/2023 às 11:00•2 min de leitura
É comum que pessoas mais velhas se espantem com aquilo que os jovens fazem para ganhar curtidas na internet. Mas é preciso reconhecer um fato: não é de hoje que as pessoas se colocam em risco para ter um pouco de atenção do público.
No século XX, alguns trabalhadores em busca de glória e alguns trocados topavam desafios extremos. Um dos mais comuns era aceitar ser enterrado vivo.
Há registros na Europa de pessoas que ficaram semanas embaixo da terra. Em um mundo em que o jornal impresso era a principal mídia, esses eventos reuniam centenas de curiosos — e foram alvo de acalorados debates políticos.
O irlandês Michael “Mick” Meaney sempre sonhou com a riqueza e com a fama. Ele acreditava que o boxe traria as duas coisas, mas uma lesão na mão o impediu de lutar.
Por isso, ele decidiu entreter as pessoas de outra forma: arriscando sua vida em desafios malucos. Contudo, é importante esclarecer que não foi ele quem inventou esse mercado.
Há décadas homens arriscavam as suas vidas se enterrando vivo — ou mentiam sobre isso. Acontece que era muito comum que pessoas dissessem que haviam feito algo maluco, mas, sem testemunhas, era apenas a palavra delas. Mick sabia disso e queria fazer diferente.
Ele reuniu dezenas de pessoas em um pub para que elas o testemunhassem entrando no caixão. Seu cortejo foi visto por centenas de trabalhadores locais e seu enterro foi um acontecimento.
Mike em seu caixão adaptado: Reprodução: Chris Ware/GettyImages
Mike criou um design para o seu caixão, pois ele não pretendia morrer. A caixa de madeira era conectada à superfície por dois canos de metal. Eles garantiam a circulação de ar, a entrada de alguma luz (e chuva, provavelmente), comida e água.
As necessidades fisiológicas eram feitas em um buraco. Ele jogava cal nas suas fezes para não sofrer com o mau-cheiro.
Sessenta e um dias depois do início do desafio, Mike foi resgatado. Ele dizia que poderia durar até 100 dias, mas foi aconselhado a desistir.
Mike conseguiu seus 15 minutos de fama. Uma multidão o aguardava e ele era o assunto principal das rádios. Mas, para seu azar, representantes do Livro dos Recordes ignoraram o evento e ele não se tornou o recordista em ser enterrado vivo.
A fama não durou para sempre e nem o tornou um homem rico. Um ano depois, ele mesmo disse que não tinha um centavo — o que era um problema para sua esposa e seus dois filhos pequenos.
Aliás, a sua esposa grávida só ficou sabendo da proeza do marido pelo rádio, quando ele já estava prestes a ser velado.
Ainda assim, ele continuou desafiando outras pessoas para realizarem feitos malucos.
Então, quando você se deparar com um vídeo de um jovem fazendo um desafio idiota na internet, lembre-se de que não é de hoje que as pessoas fazem isso por dinheiro a atenção.