Ameaçados de extinção, tubarões-zebra se reproduzem sem macho

19/04/2023 às 02:002 min de leitura

Os tubarões-zebra fêmeas que vivem no aquário Shedd, em Chicago, nos Estados Unidos, resolveram ser mães solteiras. Mesmo com parceiros machos saudáveis no tanque, elas se reproduziram por partenogênese, que permite o desenvolvimento do embrião sem a necessidade de uma relação sexual.

O fato foi uma surpresa para os pesquisadores do aquário e podem ser uma ótima notícia para a espécie. O tubarão-zebra está ameaçado de extinção por conta do comércio de suas barbatanas. Apesar de chegarem até mais de dois metros, ele não apresenta perigo para os seres humanos e movimenta lentamente nos recifes, sendo um alvo fácil para caça.

A partenogênese não é incomum no reino animal, principalmente nos oceanos. As estrelas-do-mar, por exemplo, podem se reproduzir assexualmente após uma regeneração de um corte. Por isso, os cientistas esperam que as tubarões-zebra que são mães solteiras podem representar uma esperança para a preservação da espécie.

Teste de DNA

O isolamento dos ovos do tubarão-zebra proporcionou a descoberta da reprodução assexuada. (Fonte: Shedd Aquarium/Brenna Hernandez/Reprodução)O isolamento dos ovos do tubarão-zebra proporcionou a descoberta da reprodução assexuada. (Fonte: Shedd Aquarium/Brenna Hernandez/Reprodução)

Ao contrário da maioria das espécies de tubarão, que dão à luz filhotes vivos, os tubarões-zebra colocam ovos. Em 2008, os pesquisadores do aquário Sedd separaram uma ninhada de ovos para um local onde eles puderam eclodir longe dos outros peixes do tanque. Isso possibilitou um exame de DNA minucioso para entender como esses animais se reproduzem.

A análise genética mostrou que os filhotes recém-nascidos não tinham herança dos pais potenciais presentes no aquário. O DNA continha genes que pareciam ser cópias idênticas ou versões alternativas do filamento genético. O material genético era muito semelhante a mãe, o que levou a conclusão de que teria acontecido uma reprodução assexuada.

“Descobrir que esses filhotes foram fruto de partenogênese foi uma grande surpresa para a equipe do Shedd, dado nosso sucesso anterior em encorajar a procriação por meio da reprodução sexual”, disse Lise Watson, diretora assistente de operações animais e habitats do aquário. Isso gerou uma preocupação com a diversidade genética para preservar o peixe.

Baixa expectativa de vida

Infelizmente, os filhotes de tubarães-zebra com mães solteiras faleceram antes da maturidade sexual. (Fonte: Shedd Aquarium/Brenna Hernandez/Reprodução)Infelizmente, os filhotes de tubarães-zebra com mães solteiras faleceram antes da maturidade sexual. (Fonte: Shedd Aquarium/Brenna Hernandez/Reprodução)

A descoberta significa a avanços no estudo sobre a reprodução dos tubarões-zebra, mas também apresenta novos desafios. Os filhotes que nasceram por partenogênese sobreviveram apenas por alguns meses, o que é muito comum nos casos de reprodução assexual de animais, quando as espécies se reproduzem normalmente com dois parceiros.

“Na genética, em geral, a endogamia é ruim e o que pode acontecer é a expressão de um gene recessivo letal ou a expressão de dois alelos que essencialmente causam a morte”, afirmou Kevin Feldheim, um biólogo do Museu Field, vizinho ao aquário Sedd, que também participou da pesquisa científica.

No entanto, os cientistas ainda não sabem por que os peixes nascidos de mães solteiras têm uma expectativa de vida baixa. Embora a maioria não atinja a maturidade sexual, outras espécies conseguem superar esse obstáculo. Existe um caso do tubarão-bambu que gerou crias por partenogênese e um dos filhotes foi capaz de se reproduzir de forma assexuada.

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