DNA antigo revela dona de pingente de 20 mil anos

11/05/2023 às 13:002 min de leitura

Há vários anos, uma peça de joalheria de 20 mil anos feita com dentes de alce foi encontrada no sul da Sibéria. Porém, graças a um novo método recém-desenvolvido para extrair DNA humano de artefatos porosos, os pesquisadores foram capaz de identificar quem foi o último usuário do pingente.

De acordo com o relatório, a antiga dona da relíquia seria uma mulher ou menina proveniente de uma região localizada a cerca de 2 mil km de distância do lugar onde a peça foi descoberta. A nova técnica, descrita em artigo publicado na revista Nature, tem potencial para ajudar os pesquisadores a desvendar o DNA antigo de diversos outros itens redescobertos pelos humanos nas últimas décadas. Entenda!

Extração de DNA

(Fonte: Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva)(Fonte: Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva)

Por muito tempo, pesquisadores de todas as partes do mundo tentaram — e falharam — em tentar extrair o DNA de joias, ferramentas, ornamentos e outros artefatos sem causar danos. Enquanto isso, extrações de DNA feitas com dentes antigos, ossos e outros restos mortais sempre tiveram bastante sucesso.

Para tentar driblar essa situação, cientistas do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva (MPI-EVA), na Alemanha, decidiram tentar decifrar o código para extrair o DNA humano de artefatos porosos, deixado para trás nas células da pele ou no suor, de uma vez por todas. 

A técnica vencedora consiste em gradualmente extrair o DNA antigo preso dentro de um material poroso submergindo o objeto em uma solução de fosfato de sódio e, em seguida, aquecendo o líquido a cerca de 90 °C. À medida que a temperatura aumentava, o DNA armazenado nas profundezas do item emergia, ao mesmo tempo que o artefato permanecia intacto. 

Pingente de alce

(Fonte: Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva)(Fonte: Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva)

Em 2019, o MPI-EVA recebeu de arqueólogos um saco plástico contendo um pingente de dente paleolítico que foi encontrado na caverna Denisova, na Sibéria. No passado, esse local foi usado em vários pontos por humanos, neandertais e denisovanos. O dente, por sua vez, tinha um orifício perfurado, sugerindo que pode ter sido usado em uma pulseira ou faixa de cabeça.

Ao observar de perto o objeto, os pesquisadores passaram a se indagar quem seria o antigo dono de tal artefato, principalmente pelo fato de que o pingente ainda estava envolto em sujeira de seu local de sepultamento original — longe de contaminações que poderiam atrapalhar análises mais aprofundadas.

Parte do DNA estudado veio do próprio dente, que pertencia a um alce. Contudo, o pingente também continha DNA de uma fêmea humana intimamente relacionada a um grupo de caçadores-coletores, chamados de Maltinsko-buretksaya, que vivia a leste da caverna estudada no Lago Baikal.

Além da surpreendente descoberta feita sobre uma relíquia de 20 mil anos, os cientistas esperam que os novos métodos de extração de DNA humano de objetos possa ser bastante útil para fornecer evidências sobre como funcionava o comércio entre certos grupos ou até mesmo lançar luz sobre como homens e mulheres usavam certas ferramentas no passado. 

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