Orcas afundaram 3 barcos e estão ensinando outras a fazer o mesmo

No início deste mês (4), um ataque “coordenado” de orcas surpreendeu a tripulação de um iate na costa europeia. Como esse tipo de abalroamento tem se multiplicado e seguido um padrão, alguns especialistas acreditam que as orcas mais jovens podem estar copiando o comportamento perturbador de uma única matriarca.

De acordo com a Live Science, durante o ataque, três orcas atingiram a embarcação no Estreito de Gibraltar. “Havia duas orcas menores e uma maior”, explicou à publicação o capitão Werner Schaufelberger. Segundo o comandante, enquanto as orcas menores atingiam o leme, na popa, a maior ia e voltava, colidindo com toda a força contra a parte lateral do barco. 

Felizmente, relata Schaufelberger, a guarda costeira espanhola resgatou a tripulação e rebocou a embarcação até a cidade de Barbate, no sul do país, mas o iate afundou na entrada do porto. Segundo o The Telegraph, dois dias antes, um ataque similar ocorreu no mesmo local.

O outro ataque

O capitão Blackburn recolheu a vela do barco e as baleias se retiraram.

O casal inglês Jane e Stephen Bidwell passeava pelo Estreito de Gibraltar no dia 2 de maio a bordo de um iate Bavaria 46, que tem 14 metros de comprimento, quando foram alertados pelo capitão Greg Blackburn, de Leeds, sobre um ataque de orcas. O casal estava no convés inferior devido ao mau tempo.  

"Uma matriarca claramente maior estava definitivamente por perto e estava quase supervisionando", disse Stephen à publicação britânica. Ele se referia à uma orca fêmea, chamada por White Gladis pelos pesquisadores, que acreditam estar buscando vingança após se ferir gravemente ao ficar presa em redes de pesca ilegais.

Ao ser atacado pelas seis orcas, o capitão Blackburn decidiu baixar a vela principal do barco para torná-lo "desinteressante" e a tática parece ter funcionado porque logo as "baleias assassinas" se retiraram, mas deixaram o barco seriamente avariado. 

Uma baleia é capaz de se vingar?

Em estudo publicado na revista científica Marine Mammal Science em junho de 2022, biólogos portugueses e espanhóis relataram 49 interações de uma subpopulação ameaçada de orcas na Península Ibérica com diversas embarcações — principalmente à vela —, entre o Estreito de Gibraltar e a Galícia.

Por serem seres altamente sociais, diz o estudo, as orcas aprendem com facilidade a reproduzir comportamentos que observam em outros membros da sua vagem. Eles teorizam que, ao testemunhar Gladis atacando os lemes dos barcos, as orcas jovens começaram a copiar esse comportamento destrutivo, que se espalhou por toda a população.

Falando à LiveScience, a pesquisadora de orcas da Universidade de Washington, Deborah Giles, não acredita em vingança. “Elas são animais incrivelmente curiosos e brincalhões, então isso pode ser mais uma brincadeira do que uma coisa agressiva”. A população de orcas ibéricas é considerada criticamente ameaçada de extinção.