Estilo de vida
30/06/2023 às 08:00•2 min de leitura
De tempos em tempos o Brasil ganha destaque na mídia internacional por conta de algum achado pré-histórico. Um dos mais recentes, por exemplo, data de 2020, quando alguns especialistas encontraram túneis feitos por preguiças-gigantes há pelo menos 10 mil anos.
Esses buracos, conhecidos como paleotocas, foram avistados em um terreno de uma empresa de argamassa durante um procedimento de terraplanagem em Campo Bom, região metropolitana de Porto Alegre. Com isso, os pesquisadores conseguiram mais uma prova de que essa espécie viveu em nosso país no passado.
As paleotocas se firmam como uma importante descoberta arqueológica por revelar o comportamento de uma espécie animal extinta e até mesmo um de seus mecanismos de defesa, já que essas tocas eram feitas no tamanho das preguiças-gigantes para evitar que predadores as perseguissem pelo espaço.
Outro detalhe importante dessas escavações feitas por preguiças-gigantes é que algumas delas possuem um caminho simples, enquanto outras são capazes de aparecer como verdadeiros labirintos com 25 passagens diferentes. Tais estruturas, inclusive, podiam ter um metro e 50 centímetros de altura e vários metros de profundidade.
Paleotocas ainda guardam marcas de seus autores nas paredes. (Fonte: Heinrich Frank/Divulgação)
Além do Rio Grande do Sul, algumas paleotocas já foram encontradas em outros estados, como Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e até mesmo na Argentina. E, pelo visto, apenas a América do Sul foi contemplada com esses registros históricos.
"A esta altura do jogo eu diria que é exclusivo da América do Sul e mais concentrado na nossa região. Não sei como é que não se achou isso antes. Porque está ali, é muito óbvio. Temos os maiores túneis do mundo. E ninguém conhecia. Provavelmente os paleontólogos clássicos não conseguiam imaginar que essa coisa pudesse existir, e por isso veio um professor de mineralogia e começou a mexer com o assunto", explicou o professor Heinrich Frank, responsável por avaliar diversas dessas aberturas encontradas no Sul do país, ao site GZH.
Além das preguiças-gigantes, estima-se que algumas dessas paleotocas também tenham sido feitas por tatus gigantes. Elas foram descobertas em grandes quantidades nos últimos anos e, mesmo sendo grandes achados, o professor não acredita que devem ser considerados sítios paleontológicos.
"É um patrimônio importante que a gente deveria tentar preservar enquanto aparece aberta, mas eu disse: 'olha, se a gente começar a fazer isso, não construímos mais nada e não duplicamos mais rodovia nenhuma no Rio Grande do Sul, porque está tudo cheio'. O que dá para fazer é tirar foto, medir e botar GPS, documentando toca por toca e depois publicando os resultados", concluiu Frank.