Artes/cultura
15/07/2023 às 11:00•2 min de leitura
No dia 3 de julho de 2023, enquanto biólogos do mundo inteiro viajavam para a cidade de Edimburgo, no Reino Unido, para a conferência do centenário da Sociedade de Biologia Experimental, os termômetros registravam o dia mais quente já registrado na Terra. Naquele dia, a temperatura média global atingiu 17,01°C.
Por coincidência, mas nem tanto, um dos trabalhos apresentados no evento buscava justamente responder: qual a quantidade de calor que um ser humano pode aguentar? Parte de uma pesquisa em andamento, chamada "A evolução da temperatura corporal em humanos", a apresentação identificou um limite crítico superior.
Segundo o autor principal, professor Lewis Halsey da Universidade de Roehampton, no Reino Unido, há um ponto crítico a partir do qual a situação começa a ficar seriamente perigosa em relação à tolerância humana ao calor. Segundo Halsey e sua equipe, a força motriz que fixa esses números é a taxa metabólica de repouso. Dessa forma, o limiar de resistência ao calor fica entre 40°C e 50°C.
(Fonte: Universidade de Roehampton/Divulgação)
Tendo como ponto de partida a evolução da temperatura corporal em humanos, os pesquisadores afirmam que as temperaturas dentro da faixa crítica testada por eles aumentam a taxa metabólica de repouso, ou metabolismo basal, que é a quantidade de energia que o corpo humano utiliza em repouso absoluto para manter suas funções básicas.
Quando o metabolismo basal é afetado, as pessoas começam a ter dificuldades para respirar, resultando em mais batimentos cardíacos, segundo o estudo. Quando o corpo humano não consegue mais se livrar do calor — o que é chamado de "estresse por calor" — a temperatura central sobe, causando confusão mental, náuseas, tonturas, dor de cabeça e até desmaios.
(Fonte: Getty Images)
Para testar suas hipóteses, os pesquisadores pediram a 13 adultos com menos de 60 anos que ficassem por uma hora em uma câmara que simulou diferentes temperaturas e níveis de umidade. Durante o teste, a equipe mediu as taxas metabólicas de repouso das pessoas, temperaturas centrais, pressão arterial e frequências cardíaca e respiratória.
Partindo de uma linha de base com 28?°C, considerada confortável para a manutenção das funções corporais, os pesquisadores foram aumentando a temperatura até atingir a faixa dos 40ºC e 25% de umidade. Nesse ponto, as taxas metabólicas de repouso começaram a aumentar chegando em média a 35% em relação à linha de base, mas ainda sem alteração na temperatura corporal.
Mas, a partir de 50°C e 50% de umidade, as temperaturas centrais das pessoas subiram um grau Celsius em média, as taxas metabólicas foram a 56% e as frequências cardíacas aumentaram 64%. Embora não tenham ainda uma conclusão final (pois a pesquisa está em andamento), Halsey estimou na sua apresentação que, se os participantes tivessem permanecido na câmara de 50ºC por mais tempo, poderiam ter morrido.