4 erros do filme Oppenheimer em relação à vida do verdadeiro cientista

O filme Oppenheimer, de Christopher Nolan, finalmente chegou aos cinemas com a proposta de contar a história real de um cientista: J. Robert Oppenheimer, o físico teórico que liderou o Projeto Manhattan e acabou recebendo a alcunha trágica de "pai da bomba atômica".

Por mais que esta seja uma cinebiografia, isso não significa que tudo que está sendo mostrado no longa-metragem é preciso ou mesmo verdadeiro. Neste texto, compartilhamos 4 aspectos do filme que não são totalmente reais.

1. O passado judaico de Oppenheimer

(Fonte: Wikimedia Commons)

No filme, exibe uma cena em que Oppenheimer conhece o oficial naval americano Lewis Lichtenstein Strauss, que tenta convencê-lo a virar diretor do Instituto de Estudos Avançados em Princeton. Neste momento, há um diálogo em que os dois se expressam com pesar em relação ao antissemitismo vigente no país.

Não há muito contexto na obra sobre o passado do físico antes de ele entrar na faculdade. O que se sabe é que seu pai foi um judeu alemão que fugiu para Nova York em 1888, onde prosperou. Contudo, nada indica que sua família tenha sido religiosa. Muito pelo contrário: os pais encaminharam seus filhos para uma escola progressista e não tinham muita ligação com sua herança judaica.

2. A tentativa de envenenamento do professor

(Fonte: Wikimedia Commons)

No longa de Christopher Nolan, enquanto era um estudante de Cambridge, Oppenheimer é mostrado deixando uma maçã envenenada para um professor como vingança por ter perdido uma palestra do físico Niels Bohr, depois de ter que ficar limpando um laboratório. Imagina-se que ele tenha colocado cianeto na fruta, o que poderia até matar o seu tutor.

Isso realmente aconteceu — e o jovem Oppenheimer foi encaminhado para um acompanhamento com um psiquiatra. Esta foi a condição imposta para que ele não fosse expulso da universidade. 

Entretanto, para fins dramáticos, Niels Bohr é mostrado no filme enquanto quase dá uma mordida na maçã envenenada. Mas este é um aspecto inventado para a cena, que nunca aconteceu.

3. Oppenheimer não consultou Einstein sobre os cálculos de Edward Teller

(Fonte: Universal Pictures)

Um dos conflitos mais tensos do filme envolve a disputa de Oppenheimer com Edward Teller, que queria inventar a bomba de hidrogênio, com poder muito mais destrutivo que as armas nucleares.

Oppenheimer se opunha à sua ideia. No filme, ele é mostrado enquanto procura Albert Einstein para consultá-lo sobre o assunto. De acordo com American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer, de Kai Bird e Martin J. Sherwin, que é a mais conhecida biografia do físico, Oppenheimer foi atrás do físico Arthur Compton, e não de Einstein. Compton refez os cálculos de Teller e mostrou que eles estavam errados.

4. O romance com Jean Tatlock 

(Fonte: Wikimedia Commons)

Embora fosse casado com Kitty Oppenheimer, o filme de Christopher Nolan mostra que o físico teve um relacionamento breve e intenso com a estudante de psicologia Jean Tatlock. O caso começou depois que eles se conheceram numa festa. Eles ficaram juntos por pouco tempo e ela se suicidou.

Contudo, a história real é mais complexa. Jean Tatlock é mostrada no filme irritada com ele e rejeitando suas propostas de casamento. Mas, segundo American Prometheus, a psicóloga teria muito mais coisas na sua biografia. Ela, inclusive, teria se arrependido de suas recusas.

Imagina-se também que ela tivesse questões em relação à sua identidade sexual, e que manteve um longo caso amoroso com uma amiga chamada Mary Ellen Washburn. Há também teorias que sugerem que talvez sua morte não tenha sido um suicídio. Uma das hipóteses é que ela possa ter sido exterminada pelo governo americano com medo que ela compartilhasse com os russos segredos de estado confidenciados por seu amante.