Estilo de vida
27/07/2023 às 13:00•2 min de leitura
Quem assistiu ao filme Oppenheimer (2023), de Christopher Nolan, provavelmente se sentiu impactado com a grande quantidade de dilemas éticos e científicos que o físico Robert Oppenheimer precisou passar para a invenção da primeira bomba atômica do mundo. No entanto, durante o filme, também acabamos descobrindo que o teórico norte-americano era abertamente contrário a invenção de uma bomba de hidrogênio.
Na visão de Oppenheimer, até mesmo os mais ferrenhos defensores de uma dissuasão nuclear deveriam parar para refletir sobre a existência de uma arma desse calibre. Porém, o que é que realmente difere essa bomba monstruosa daquelas que foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945?
(Fonte: GettyImages)
Para entender as discrepâncias entre bombas atômicas e uma bomba de hidrogênio, precisamos falar sobre as particularidades de cada uma delas. Para se ter ideia, as armas nucleares usadas na Segunda Guerra Mundial foram responsáveis pela morte de cerca de 226 mil pessoas. As explosões foram tão devastadoras que o Japão foi obrigado a se render do conflito — mesmo que existam evidências de que o país já estava preparado para desistir antes disso.
Quando foram lançadas, as bombas atômicas eram diferentes de tudo que existia no mundo em termos de força. O poder destrutivo dessas bombas era de 15 mil toneladas de TNT em Hiroshima e 25 mil toneladas de TNT em Nagasaki. Porém, logo que foram lançadas, a atenção científica foi voltada para a próxima grande novidade: a bomba de hidrogênio.
Existia um medo tão grande sobre essa nova arma que até mesmo cientistas que trabalharam no Projeto Manhattan se opuseram à criação. O motivo? Em termos resumidos, uma bomba de hidrogênio, também chamada de arma termonuclear, tem o potencial de ser 1 mil vezes mais poderosa do que as armas que destruíram Hiroshima e Nagasaki.
Dessa forma, tudo seria difícil de lidar. Isso inclui a explosão inicial até a onda de choque, calor e radiação que a acompanham. Uma bomba de hidrogênio é tão poderosa que seria capaz de deixar um enorme rastro de 16 km de destruição desde o ponto onde foi detonada.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Falando em termos mais rasos, uma bomba de hidrogênio é basicamente uma bomba atômica após usar entorpecentes. Inclusive, você precisa da última para poder fazer a primeira. As bombas atômicas são conhecidas por dependerem de reações de fissão para liberar grandes quantidades de energia gerada a partir de pequenas quantidades de urânio ou plutônio.
Nessas armas, a explosão causada por essa reação repentina é suficiente para o processo ser um sucesso. As bombas de hidrogênio, por sua vez, usa o tipo de explosão das bombas nucleares para desencadear uma reação de fusão subsequente, o que faz ela ser uma arma de dois estágios.
Na primeira etapa, o núcleo da bomba explode em uma reação nuclear, que gera calor e energia para dentro — encolhendo sobre si. Essa densidade aumentada libera nêutrons livres e resulta em uma reação em cadeia que causa a explosão. No segundo estágio, essa explosão liberaria raios gama de alta energia e raios X, que seriam refletidos para um dispositivo de fusão, que por sua vez criaria ainda mais energia e funcionaria como um pequeno Sol.
Embora tal tipo de bomba nunca tenha sido usada em alguma guerra, somente sua existência é uma ameaça imensa para o nosso planeta. Inclusive, o medo é ainda maior tendo em mente que o arsenal de armas termonucleares só aumentou com o passar das décadas.