Fóssil de aranha de 310 milhões de anos é encontrado na Alemanha

01/08/2023 às 09:002 min de leitura

Uma pesquisa publicada recentemente na revista PalZ identificou um fóssil de aracnídeo datado entre 310 e 315 milhões de anos como a primeira aranha da Era Paleozoica já encontrada na Alemanha. Além disso, trata-se de uma espécie nova, prontamente nomeada Arthrolycosa wolterbeeki em homenagem ao seu descobridor, o geocientista Tim Wolterbeek.

Wolterbeek, que é pesquisador da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, retirou o fóssil da nova aranha dos estratos de Piesberg, na Alemanha, que datam do Carbonífero Superior (moscoviano), uma camada geológica que faz parte da Era Paleozoica. O espécime foi repassado ao especialista em fósseis de aracnídeos, dr. Jason Dunlop, do Museu de História Natural de Berlim. 

Usando uma câmera Canon EOS R, Dunlop fotografou o fóssil sob álcool para obter uma melhor visualização. Apesar de sua idade incrível, o fóssil apresenta uma representação quase perfeita da aranha paleozoica. Posteriormente, o especialista utilizou um estereomicroscópio para fazer desenhos interpretativos do espécime. 

Por que o fóssil foi identificado como de uma "aranha de verdade"?

(Fonte: Jason Dunlop/PalZ)(Fonte: Jason Dunlop/PalZ)

A aranha identificada no registro fóssil de 310 milhões de anos foi chamada de "aranha de verdade" para diferenciá-la de outra ordem de aracnídeos do paleozoico, chamados de trigonotarbídeos, parentes antigos e generalizados das aranhas.

Diferentemente desses bichos alongados e espinhentos, a Arthrolycosa wolterbeeki possui algumas características comuns com as aranhas modernas, como oito pernas, dois segmentos corporais (cefalotórax e abdome), um par de quelíceras com presas, um par de pedipalpos (estruturas para manipular suas vítimas) e uma fiandeira de seda. 

Embora existam atualmente mais de 51 mil espécies recentes de aranhas (classe Arachnida: ordem Araneae) e um registro fóssil com 1.427 espécies extintas, as espécies carboníferas são raríssimas, limitando-se agora a apenas 12 conhecidas. 

Por que poucas aranhas carboníferas foram preservadas?

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

A fossilização não é um processo tão simples como alguns podem pensar, pois requer algumas condições particulares para ser concluído. Para se ter um fóssil de aranha, é preciso que o corpo do animal — de estrutura delicada em sua maioria — seja coberto por sedimentos, como lama ou areia, logo após a morte. 

Uma indicação de por que isso não acontece muito com a A. wolterbeeki é a sua notável semelhança com as aranhas mesotheles atuais. De aparência primitiva, esses aracnídeos vivem em tocas subterrâneas para capturar suas presas. Isso limita suas oportunidades de fossilização, visto que raramente entram em conta com corpos de água necessários para preservá-las. 

Uma possível causa, quando se trata de aranhas fêmeas, seria sua conhecida tendência em levar uma vida sedentária. No entanto, a ausência de um palpo masculino nos fósseis do Carbonífero indica que também os machos não foram preservados. Seja como for, o fóssil de Piesberg se tornou agora um importante holótipo dos Araneae, ou seja, um espécime único e individual que se transforma em referência oficial de uma espécie nova.  

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