Artes/cultura
08/08/2023 às 11:00•2 min de leitura
Uma nova espécie de sapo foi recentemente descoberta no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, na região da Grande Florianópolis, em Santa Catarina. O acontecimento foi divulgado pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) do estado. A região também é conhecida por ser a maior unidade de conservação de SC.
Segundo o órgão governamental, o pingo-de-ouro-do-tabuleiro (Brachycephalus tabuleiro), como foi batizada a espécie, mede algo entre 1 cm e 1,3 cm e é considerado um animal microendêmico, o que significa que só surge no topo das montanhas dessa parte do Brasil e em mais nenhum lugar do planeta.
(Fonte: Diego José Santana/IMA)
O achado do pingo-de-ouro-do-tabuleiro é o resultado de um trabalho científico feito por sete cientistas brasileiros e publicado na revista científica Vertebrate Zoology no dia 14 de julho de 2023. Conforme o IMA de Santa Catarina, esse tipo de sapo vive somente entre as folhas caídas das florestas úmidas acima dos 800 metros de altitude.
Quem liderou o projeto foi a bióloga Sarah Mângia, que trabalha na área de taxonomia e filogeografia de anfíbios. "Foi com muita paciência que, após muitas horas vasculhando a serapilheira no meio da Mata Atlântica, encontramos o primeiro indivíduo dono daquele som que nos chamou a atenção. Vibramos de alegria ao perceber que poderíamos estar diante de uma novidade científica", escreveu a pesquisadora.
Segundo Mângia, a confirmação da nova espécie aconteceu após algumas análises de DNA, morfologia externa, morfologia óssea e bioacústica do animal. Além disso, o grupo de estudos precisou realizar comparações com outras espécies de Brachycephalus já conhecidas na história.
Esse gênero de anfíbios distribui-se apenas nas regiões de Mata Atlântica da Bahia até Santa Catarina. Os sapos desse grupo são conhecidos por seu tamanho consideravelmente pequeno e por estarem entre os menores vertebrados existentes na Terra.
(Fonte: Diego José Santana/IMA)
Somente em Santa Catarina, existem oito espécies de Brachycephalus conhecidas — incluindo o pingo-de-ouro-do-tabuleiro. Em entrevista ao G1, o biólogo do IMA e coordenador do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, Marcos Maes, afirmou que o gênero tem uma "história evolutiva muito característica".
"Ele existia em toda essa região, e conforme o clima começou a esquentar, e começou também o processo de formação de montanhas, ele [o gênero] acabou ficando restrito a esses morros", disse. Como esses sapos, segundo Maes, vivem apenas em lugares de temperatura amena e clima úmido, acabaram se isolando nessas montanhas.
Quando espécies ficam isoladas em pequenos grupos como acontece com esse gênero de sapos, é relativamente comum dentro da ciência que novas espécies surjam. Isso explica o fato da grande quantidade de sapos desse tipo somente em Santa Catarina.
Considerada a maior unidade de conservação de proteção integral no estado, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro é administrado pelo governo de SC, através do IMA, e possui cogestão do Instituto Çarakura. Além do pingo-de-ouro-do-tabuleiro, a área também apresenta outras espécies únicas, como a Commelina catharinensis e o Cavia intermedia.