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11/08/2023 às 08:00•4 min de leitura
Sempre em busca de autoconhecimento, os seres humanos procuram respostas sobre o mundo e sobre seu próprio corpo há séculos. O mais surpreendente, no entanto, é que a maior parte dessas informações podem ser encontradas em um só lugar: no nosso DNA.
No ano de 1869, o bioquímico Johann Friedrich Miescher teorizou pela primeira vez sobre o papel do DNA como elemento que carrega características intrínsecas a um indivíduo. A confirmação dessas hipóteses só foi acontecer um século mais tarde, em 1953, quando Francis Crick, James Watson e Maurice Wilkins comprovaram a tridimensionalidade e papel genético da molécula.
Desde então, esse é um assunto que cativa qualquer um. Como é possível as respostas para toda a história e ancestralidade de gerações da sua família, doenças que você pode vir a ter em 50 anos, características físicas e comportamentais, e muito mais, estarem todas em uma molécula dentro de você mesmo?
Pensando na complexidade disso, empresas como a meuDNA se dedicam ao estudo e à investigação do DNA humano.
(Fonte: Getty Images)
Com formato de hélice, o DNA é uma molécula que carrega todas as instruções genéticas para o funcionamento dos seres vivos. Ele é o responsável por transmitir as características físicas e hereditárias de um mesmo grupo genético, como um catálogo de streaming completo sobre você e todos os familiares que vieram anteriormente.
Mas com tanta informação assim, se você estiver curioso, empresas de testes de DNA conseguem organizar e desvendar os segredos que estão dentro de você. Por meio da saliva, os especialistas fazem o sequenciamento de todos os genes de uma pessoa para encontrar uma lista de variantes genéticas.
Segundo o Dr. David Schlesinger, geneticista responsável pelas análises da empresa meuDNA, existe um sequenciamento chamado “genoma de referência” utilizado por todos os bancos de dados do mundo. Quando a pessoa faz o teste, o seu sequenciamento individual, ou exoma, é comparado a esse genoma “base”. Tudo que é diferente entre eles é organizado em uma lista de variantes genéticas, também chamadas de mutações.
(Fonte: Getty Images)
Finalmente, “temos uma lista de algoritmos diferentes, que pegam essas mutações e comparam com bancos de dados, com diferentes doenças, com características físicas, e encaixam numa pessoa. Isso tudo resulta, por exemplo, na porcentagem de ancestralidade, na cor do cabelo, ou se você tem alguma variante rara para certas doenças, como câncer de mama”, finaliza Schlesinger.
Além disso, existem muitos bancos públicos de ancestralidade. Um dos maiores — o que é utilizado para as análises do meuDNA — é o Human Genome Diversity Project, em que é possível baixar os dados de algumas milhares de pessoas. De acordo com Schlesinger, esse é o processo base e ponto de partida para todos os algoritmos usados no mundo hoje.
(Fonte: meuDNA/Divulgação)
Frequentemente somos questionados sobre nossas descendências, e o Brasil é recheado pelas mais variadas delas. É fácil esquecer, mas quem somos e onde estamos é resultado de uma série de movimentos e viagens feitas por gerações anteriores à sua.
Porém, se a história de uma família não for documentada, infelizmente a tendência é que os esforços dos seus antepassados sejam simplesmente esquecidos. Ou, pelo menos, é como costumava ser.
Uma das informações mais interessantes de testes genéticos é redescobrir, literalmente, sua origem. A maior parte de empresas que analisam ancestralidade pelo DNA costumam ainda complementar o resultado com uma aula de história, mostrando os prováveis eventos que fizeram sua família migrar para outro lugar.
Sua composição genética também destrincha sua descendência com a maior proximidade possível. Eu e minha família, por exemplo, fomos surpreendidos pelos 10% de DNA escandinavo, o que nos fez entrar em uma discussão e investigação de qual parte da nossa árvore genealógica veio aquele resultado.
(Fonte: meuDNA/Divulgação)
Definitivamente a categoria mais divertida dos testes genéticos, o Perfil faz um catálogo completo das suas particularidades. Sabe quando somos impactados por novos estudos com resultados que nunca temos exatamente certeza para que servem? Bom, você acaba de descobrir!
“Essas publicações sequenciam e analisam geneticamente muitas pessoas, e também fazem os questionamentos. Às vezes os estudos medem a altura, certos gostos peculiares, características de personalidade, às vezes são provas de QI… mas o que eles tentam achar são diferenças genéticas baseadas nos vários fenótipos que existem pelo mundo”, explica Schlesinger.
Por meio das conclusões dessas fontes, algoritmos são criados para identificar se a mesma mutação está presente na análise da sua composição genética. Isso significa também que quanto mais estudos são publicados, mais o banco de dados é atualizado, e mais precisos serão os resultados.
(Fonte: meuDNA/Divulgação)
Nessa categoria, o meuDNA atualiza seu perfil semanalmente com novos resultados e curiosidades sobre traços físicos, comportamento, alimentação e muitos outros. Dentro dela, alguns dados já disponíveis são: consumo de bebidas alcoólicas, consumo de salada, sua predisposição à calvície, bronzeamento, envelhecimento facial, etc.
Vale lembrar que você pode ter predisposição alta ao tabagismo, por exemplo, mas se você nunca fumar, o resultado estará errado. Ou seja, eles podem variar e são diretamente influenciados pelo estilo de vida do indivíduo, “estamos trazendo uma ‘brincadeira’, mais como uma curiosidade, utilizando o conhecimento cientifico. É muito comum ouvirmos ‘X estudo descobriu isso’, mas não sabemos para quê serve. Agora, estamos trazendo para a nossa realidade e sempre o atualizando conforme chegam mais dados”, argumenta o geneticista. E, vamos combinar que, pelo menos, é um ótimo “papo de bar”.
(Fonte: meuDNA/Divulgação)
Essa é, além de interessantíssima, talvez uma das informações mais importantes presentes dentro de nós. Muito do que seremos acometidos no futuro pode já estar presente desde o nascimento, como pré-disposição à diabete, certos tipos de câncer, etc.
Diferente da análise feita na parte de Perfil, em que os bancos de dados se atualizam e mudam constantemente, na categoria Saúde, segundo Schlesinger, os resultados são quase binários: sim ou não. “Quando vamos analisar cânceres, por exemplo, usamos os dados de variantes raras, porque são muito determinísticas. Ou seja, se aquela mutação existir, as chances de você vir adquirir aquilo é muito maior”, diz o geneticista.
No entanto, vale lembrar que estamos falando de probabilidade, e um dos fatores que mais interferem no desenrolar da sua saúde é o ambiental. Como exemplifica Schlesinger, “você pode ter a maior predisposição do mundo para câncer de pele, mas se morar dentro de uma caverna, a chance de adquirir é muito baixa. Ao mesmo tempo, a falta de sol pode resultar em ossos fracos, falta de vitaminas e outras doenças.”
Os resultados de saúde coletados por testes genéticos são exatamente os mesmos que viriam de um exame laboratorial. Isso não significa que ele é um diagnóstico, mas pode servir de alerta para alguma predisposição desconhecida até o momento do teste. A recomendação é, se algo te preocupou, procure um médico para explicar, complementar, e até mesmo investigar suas suspeitas. E, citando Schlesinger, “isso é só o comecinho de tudo que é possível entregar de informação!”