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25/08/2023 às 08:00•2 min de leitura
Pesquisadores estão atentos a um fenômeno complexo que pode sinalizar mais mudanças climáticas para as próximas décadas: o expressivo aumento da emissão de metano para a atmosfera. Esse aumento é tão significativo que ele seria capaz de encerrar uma era glacial, caso o planeta estivesse vivendo em um período assim.
O que torna esse aumento mais curioso é que ele não vem diretamente da atividade humana, mas da decomposição de materiais biológicos em selvas tropicais, principalmente biomas localizados no continente africano.
A hipótese dos cientistas é que as mudanças climáticas aumentaram a concentração de matéria biológica como algas, galhos, folhas etc. nessas florestas. Ao se decomporem, esses materiais aumentam a emissão de metano.
Esse metano, somado ao que já é emitido naturalmente no planeta, mais o que é produzido pela atividade humana, pode fazer com que a temperatura da Terra se eleve ainda mais nos próximos anos.
Estaríamos presenciando um “pico de metano” nos últimos 16 anos, o que é curioso, pois a emissão de metano vinda da atividade humana não está crescendo. Ela se estabilizou há anos, ainda que em patamares elevados.
Emissão natural de metano ocorrem em muitos biomas, como áreas alagadas. Fonte: Getty Images
Biomas que estimulam a decomposição de matéria orgânica, como os mangues e os pântanos, emitem metano naturalmente. Isso não é necessariamente ruim, pois ajudou a encerrar grandes períodos glaciais, fazendo com que sociedades tivessem como progredir, plantando e colhendo.
No entanto, a partir do crescimento da sociedade, do uso de combustíveis fósseis, do aumento da agropecuária e do surgimento de lixões a céu aberto, o homem passou a contribuir ativamente para o aumento da emissão de metano, sendo que nossas atividades fizeram a emissão desse gás mais do que dobrar desde a Revolução Industrial.
Acabar com os lixões ajudaria a reduzir a emissão de metano. Fonte: Getty Images
O metano contribui muito mais para o aquecimento do planeta do que outros gases poluentes. Ele retém 80 vezes mais calor do que o dióxido de carbono (CO2). Portanto, emissões descontroladas desse gás têm impacto imediato nas metas mundiais relacionadas às mudanças climáticas.
Por outro lado, o metano tem uma característica muito útil: ele desaparece da atmosfera em cerca de dez anos, ao contrário do CO2 que leva séculos para se decompor.
Portanto, entender o que está causando esse pico de metano e trabalhar para combatê-lo pode ajudar a controlar a temperatura da Terra para as próximas décadas.
Em 2010, cientistas notaram um aumento da emissão de metano, indicando que havia a possibilidade de um novo ciclo de emissão desse gás ter começado. Na época, as emissões teriam crescido em regiões árticas.
O aumento da temperatura fez com que matéria orgânica que estava congelada descongelasse e iniciasse seu processo de decomposição, aumentando a emissão de metano e contribuindo com um aumento de temperatura em um ciclo.
Agora, outras regiões do globo, como as selvas africanas, estariam emitindo mais metano, fortalecendo esse ciclo de aumento na temperatura.
É fato que houve um aumento na emissão de metano nos últimos 16 anos. O que ainda não se sabe é se esse fenômeno faz parte de um pico de metano, como o que teria encerrado a última era do gelo, ou se faz parte de outro fenômeno climático.