Ciência
28/08/2023 às 04:00•2 min de leitura
Aproveitar um asteroide para criar uma estação espacial onde morariam milhares de pessoas é uma ideia antiga, mas até então este tipo de construção era considerado difícil e caro. Agora, o projeto criado por um engenheiro aposentado promete simplificar e baratear a obra, que ajudaria na exploração do espaço.
O estudo, elaborado pelo ex-funcionário da Rockwell Collins, David W. Jensen, afirma ser possível desenvolver um habitat espacial rotativo em um objeto celeste próximo à Terra gastando “pouco”, com uma ajuda tecnológica. Ele sugere o uso de robôs-aranha autorreplicantes, que seriam responsáveis por todo o trabalho pesado.
Conforme o artigo publicado recentemente na plataforma arXiv, ainda não revisado, a transformação do asteroide em estação espacial habitável custaria US$ 4,1 bilhões, o equivalente a quase R$ 20 bilhões pela cotação do dia, se o plano for seguido. A quantia é bem inferior aos US$ 93 bilhões (R$ 450 bilhões) que a NASA deve gastar com a missão Artemis, por exemplo.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Outra vantagem descrita por Jensen é o tempo gasto na construção. De acordo com o especialista, a obra ficaria pronta em apenas 12 anos, sem levar em conta o tempo para abastecer o habitat com água potável e oxigênio, um prazo relativamente curto para algo tão ambicioso.
Diante de tantas rochas espaciais próximas à Terra, o técnico aposentado fez um processo de seleção rigoroso, considerando aspectos como a composição do objeto, seu tamanho e a distância em relação ao nosso planeta. O escolhido foi o asteroide Atira, do tipo S, que tem 4,8 km de diâmetro.
A sua localização, cerca de 80 vezes a distância entre a Terra e a Lua, facilitaria a estabilização da temperatura interna do habitat. Além disso, ele tem a sua própria “Lua”, um asteroide menor que o orbita, e é composto de rocha, em sua maioria.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
O material encontrado nele seria utilizado na fabricação de componentes necessários para morar no asteroide, de painéis solares à própria estrutura. Já a sua borda externa funcionaria como uma barreira de proteção contra detritos, radiação e outros perigos espaciais.
Ainda conforme o relatório, a missão rumo ao Atira transportaria somente quatro robôs, a base da estação e os dispositivos tecnológicos capazes de construir mais 3 mil robôs-aranha. Chegando lá, não seria necessária mais nenhuma intervenção humana.
Apesar das melhorias propostas, que aprimoram a construção de uma estação espacial em um asteroide para 700 mil pessoas, o projeto enfrenta algumas dificuldades para sair do papel. Uma delas é a tecnologia robótica exigida.
Outro aspecto é a necessidade de acelerar o giro do asteroide, para disponibilizar uma gravidade semelhante à da Terra para os moradores do habitat espacial rotativo. O especialista cita os riscos que viver em baixa gravidade por longos períodos pode trazer, exigindo uma solução artificial para mudar o cenário.