Ciência
13/12/2024 às 00:30•2 min de leituraAtualizado em 13/12/2024 às 00:30
A relação de amor entre humanos e gatos pode estar prestes a ganhar um reforço significativo, especialmente para os alérgicos. Novas descobertas genéticas trazem esperança para a criação de gatos hipoalergênicos, uma ideia que, até pouco tempo atrás, parecia coisa de ficção científica. Pesquisadores identificaram um possível alvo genético, o que poderia permitir a manipulação de proteínas responsáveis por causar alergias.
Estima-se que 15% da população dos Estados Unidos sofra com alergias a gatos, com sintomas que vão de espirros e olhos irritados a ataques de asma. O culpado principal? Uma proteína chamada Fel d 1, produzida por todos os gatos em glândulas sebáceas, salivares e outras partes do corpo. Ela gruda nos pelos dos felinos, mas não tem uma função biológica clara, o que levou cientistas a se questionarem: será que os gatos podem viver sem ela?
O estudo mais recente analisou o gene que produz a Fel d 1 em 276 espécies de gatos, tanto domésticos quanto selvagens. O que os pesquisadores descobriram foi surpreendente: essa proteína é altamente variável entre as espécies, com mais de 100 mutações únicas em sua sequência. Isso sugere que ela pode não ser essencial para os felinos, uma possibilidade animadora para quem busca uma solução para alergias.
Dois gatos selvagens, um puma e um gato-de-pés-pretos da África Austral, apresentaram mutações naturais que praticamente anulam a produção de Fel d 1. Além disso, testes recentes com a tecnologia CRISPR mostraram que é possível editar o gene CH2 – um dos responsáveis pela proteína – em gatos domésticos sem causar danos à saúde.
Se os gatos podem viver sem Fel d 1, eliminar essa proteína pode se tornar uma solução viável. “Os resultados sugerem que a Fel d 1 é um alvo viável para deleção genética”, explicaram os pesquisadores, acrescentando que a remoção do gene poderia ter implicações terapêuticas para milhões de pessoas alérgicas.
A ideia de usar CRISPR para criar gatos hipoalergênicos ainda está nos estágios iniciais, mas o conceito é promissor. Deletar os genes CH1 e CH2 poderia resultar em gatos felizes, saudáveis e, o melhor, livres de alergênicos. Para amantes de gatos que sofrem com alergias, isso é praticamente um sonho prestes a virar realidade.
Claro, há um longo caminho até que a tecnologia seja aplicada de forma segura e acessível. Mas a possibilidade de um futuro onde ninguém precise escolher entre respirar e ter um gato já anima muitos. Afinal, quem não gostaria de conviver com seus felinos favoritos sem se preocupar com lenços ou anti-histamínicos?
Por enquanto, o que nos resta é acompanhar o avanço da ciência e torcer para que esse projeto saia do laboratório direto para as casas de milhões de apaixonados por gatos no mundo.