Ciência
11/09/2023 às 02:00•2 min de leitura
Pode parecer loucura imaginar um cenário onde peixes se afoguem mesmo sendo criaturas que vivem na água. Porém, essa é uma possibilidade real. Temperaturas acima dos 26 °C no mar podem ser perfeitas para formar tempestades poderosas como Andrew, Katrina e Ian, mas não são exatamente excelentes para as criaturas que lá vivem.
Para certos peixes que navegam nas águas dos oceanos ao redor do mundo, temperaturas oceânicas excepcionalmente elevadas podem ser um sinal de morte, diminuindo os níveis de oxigênio dissolvido no mar — o que é necessário para sobreviver.
(Fonte: GettyImages)
Em 2023, o Oceano Atlântico e o Golfo do México estão mais quentes do que nunca tiveram. Pesquisas recentes indicam que a temperatura da água no Golfo do México chegou a ultrapassar os 31 °C durante as primeiras semanas de agosto. Cientistas da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos Estados Unidos, têm monitorado um aumento constante nas temperaturas dos oceanos desde abril.
Como resultado disso, milhares de peixes mortos chegaram nas áreas costeiras da Flórida e ao longo da costa do Golfo do Texas. Autoridades responsáveis pela vida selvagem em algumas dessas áreas culparam os baixos níveis de oxigênio, ou hipóxia, na água por essas diversas mortes.
"À medida que a temperatura da água aumenta, a quantidade de oxigênio disponível diminui. E muito pouco oxigênio também significa problemas para os peixes. É difícil imaginar, mas um peixe pode se afogar", explicou o professor e presidente do Departamento de Biologia Marinha da Universidade de Miami, Martin Grosell.
(Fonte: GettyImages)
Temperaturas mais altas no mar podem ter todo tipo de impacto nos processos corporais dos peixes. Nos níveis mais básicos, à medida que a temperatura sobre, a taxa metabólica desses animais aumenta. Isso significa que os peixes precisam consumir mais oxigênio e mais energia para sobreviver. Se o oxigênio estiver baixo ou a comida for escasso, eles enfrentarão risco de morte.
Para sanar esses problemas, os peixes terão de retirar energia de outros processos, como reprodução e crescimento, o que pode ter impactos em toda a população de uma espécie. Contudo, temperaturas mais elevadas de água não são os únicos fatores responsáveis pela morte de peixes.
Além do risco de hipóxia, a alta salinidade do mar também representa um risco. Isso ocorre principalmente durante o verão. Algumas espécies de peixes toleram melhor as mudanças de temperatura do que outras e isso ocorre até mesmo para alguns indivíduos dentro de uma mesma espécie.
Ainda assim, com as alterações climáticas causando oceanos mais quentes e privados de oxigênio, os peixes em todo o mundo podem estar em perigo. Embora a adaptação das espécies possa salvar algumas dessas criaturas, numa coisa os cientistas concordam: inevitavelmente os peixes ficarão menores conforme os mares aquecerem, tudo isso como uma medida de compensação metabólica.