Ciência
13/09/2023 às 11:00•2 min de leitura
Em uma nova tentativa de simplificar a confusa história da evolução humana, uma equipe internacional de pesquisadores apresentou a defesa da classificação de uma nova espécie de humano extinta: o Homo bodoensis, que seria um antepassado direto dos humanos modernos.
Conforme relatado na revista Evolutionary Anthropology Issues News and Reviews, sua nova identificação é uma reavaliação dos fósseis existentes encontrados na África e na Eurásia que datam de 774 mil a 129 mil anos atrás. Esse é um período histórico importante, pois marca o surgimento da nossa própria espécie (Homo sapiens) e dos neandertais (Homo neanderthalensis). Entenda mais sobre essa polêmica descoberta!
(Fonte: Wikimedia Commons)
Neste período histórico, conhecido como Pelistoceno Médio, muitas das classificações de espécies são questionadas e contestadas no meio científico — o que fez com que o período fosse batizado de "confusão intermediária". Na compreensão atual da evolução humana, não existe muito bem uma árvore genealógica organizada, mas uma jornada entrelaçada e bastante confusa, com lacunas enormes de conhecimento.
Isso é especialmente verdade neste período, justo o que os investigadores deste último estudo esperam esclarecer. A equipe argumenta que muitos fósseis euro-asiáticos e africanos do Pleistoceno Médio foram anteriormente rotulados como Homo heidelbergensis — considerado por alguns como o ancestral comum mais recente entre os humanos modernos e os neandertais — ou Homo rhodesiensis, uma espécie muito semelhante a anteriormente citada.
No novo estudo, contudo, a equipe apresentou a ideia de que a maioria desses fósseis poderia simplesmente ser definida como a espécie Homo bodoensis, o que simplificaria alguns rótulos redundantes. Além disso, o nome não leva em consideração outros hominídeos fósseis do Leste Asiático nessa época.
(Fonte: Ettore Mazza/Reprodução)
De acordo com a nova classificação traçada pelos pesquisadores, H. heidelbergensis e H. rhodesiensis serão efetivamente eliminados da árvore genealógica humana. Em vez disso, a nova espécie será usada para descrever a maioria dos humanos do Pleistoceno Médio da África, bem como alguns do sudeste da Europa. Os fósseis restantes da Eurásia poderiam ser classificados como neandertais, afirma a equipe.
A abordagem, logicamente, não é uma unanimidade entre pesquisadores. De todo modo, os cientistas argumentam que esse é um passo necessário para resolver a "confusão intermediária" e facilitar a comunicação sobre este momento importante na história dos hominídeos.
“Falar sobre a evolução humana durante este período tornou-se impossível devido à falta de uma terminologia adequada que reconheça a variação geográfica humana”, destacou a principal autora do estudo e paleantropóloga da Universidade de Winnipeg, Mirjana Roksandic.
Segundo ela, nomear uma nova espécie é um grande negócio, já que a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica permite mudanças de nome apenas sob regras estritamente definidas. Mesmo assim, os pesquisadores estão confiantes de que o novo rótulo permanecerá dessa forma por muito tempo, mas que sua sobrevivência dependerá do uso por outros cientistas dentro do meio acadêmico.