Esportes
18/09/2023 às 11:00•2 min de leitura
Muito antes dos dinossauros, um carnívoro voraz, apontado como um dos predadores mais perigosos da sua época, habitou a América do Sul. Trata-se do Pampaphoneus biccai, cujos restos mortais foram descobertos em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, conforme o estudo publicado no Zoological Journal of the Linnean Society.
A criatura, cujo primeiro nome científico significa “Matador dos Pampas”, em tradução livre, viveu há 265 milhões de anos, segundo a equipe de pesquisadores que inclui especialistas das universidades Federal do Pampa (UNIPAMPA), Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de Harvard (Estados Unidos). O fóssil foi recolhido em 2019.
(Fonte: Felipe Pinheiro/UNIPAMPA/Divulgação)
O material, cuja análise demorou devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19, inclui o crânio completo do animal, ossos do braço e costelas. A cabeça, com quase 40 cm de comprimento, é a maior do tipo já encontrada intacta, revelando informações importantes sobre a fera.
Este é o segundo espécime do gênero Pampaphoneus identificado na América do Sul — o fóssil anterior, achado em 2008, também estava nas proximidades de São Gabriel, consistindo em um crânio de 33 centímetros com dentes caninos e serrilhados bem preservados. Há ainda ossos semelhantes catalogados na Rússia.
Leia também: Paleotocas: os túneis cavados por preguiças-gigantes no Brasil
De acordo com os paleontólogos responsáveis pela descoberta do “Matador dos Pampas”, a criatura podia atingir cerca de 3 metros de comprimento e pesar até 400 kilos em sua fase adulta. Além do tamanho imponente, ele possuía habilidades de caça importantes, sendo capaz de se alimentar de animais de pequeno e médio porte.
Na mesma área em que o fóssil mais recente estava, os pesquisadores acharam restos do pequeno dicinodonte Rastodon e do anfíbio Konzhukovia, de tamanho maior. Eles acreditam que ambos estavam entre as potenciais presas do Pampaphoneus.
(Fonte: Felipe Pinheiro/UNIPAMPA/Divulgação)
“Este animal era uma fera de aparência retorcida e deve ter evocado pavor absoluto em qualquer coisa que cruzasse seu caminho”, detalhou a professora de Harvard, Stephanie E. Pierce, coautora do estudo, em comunicado. Para ela, a descoberta do predador nos dá uma ideia da estrutura dos ecossistemas terrestres antes da maior extinção em massa já vista.
No período anterior ao evento que resultou na morte de 86% das espécies animais existentes à época, os dinocéfalos, clado ao qual o “monstro” sul-americano pertencia, era um dos grupos de grandes animais predominantes na Terra.
Apontado como o maior predador terrestre do período Permiano na América do Sul, o Pampaphoneus tinha dentes grandes e afiados, características que facilitavam a captura das presas. Segundo o professor da UNIPAMPA, Felipe Pinheiro, ele desempenhava um papel semelhante ao dos grandes felinos atuais.
O coautor da pesquisa afirmou que a criatura apresentava mordida “forte o suficiente para mastigar ossos, assim como as hienas modernas”.