Artes/cultura
21/09/2023 às 02:00•2 min de leitura
Em 1918, o último periquito-da-carolina em cativeiro, um pássaro macho chamado Incas, morreu no aviário do Zoológico de Cincinnati, nos Estados Unidos — apenas um ano após o falecimento de sua companheira, Lady Jane. Embora o zoológico tenha tentado criar o casal para reprodução por mais de três décadas, eles não se reproduziram.
Em vez disso, Incas e Lady Jane tinham uma tendência de expulsar seus ovos do ninho e nunca produziram filhotes com sucesso. Quando Incas faleceu, sua espécie acabou morrendo junto. Desde o acontecimento, pesquisadores tiveram dificuldade em localizar essas aves em seu último habitat conhecido: os pântanos no sul da Flórida.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Durante uma viagem de campo ao condado de Okeechobee em 1904, o lendário ornitólogo Frank Michler Chapman documentou apenas uma dúzia de periquitos-da-carolina. O último avistamento oficial de um espécime selvagem aconteceu em 1920, embora relatos não confirmados no sul da Flórida e ao longo do rio Santee, na Carolina do Sul, tenham existido até a década de 1940.
A espécie acabou sendo declarada oficialmente extinta em 1939. O desaparecimento dessas aves foi algo surpreendente. Embora tenham perdido habitat e a caça tenha afetado diretamente essas criaturas cor de jade, suas populações pareciam estáveis nos EUA e não havia sinais de que eles estivessem em vias de extinção.
De repente, no entanto, eles sumiram do mapa. Mais de 80 anos depois dos periquitos-da-carolina serem declarados extintos, cientistas continuam intrigados sobre o que causou tudo isso. Agora, grupos de biólogos evolucionistas estão usando novas ferramentas para decifrar as pistas remanescentes da espécie e resolver o caso.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Quando chegaram aos Estados Unidos por meio dos primeiros colonizadores europeus, os periquitos-da-carolina habitavam uma área considerável ao leste do país. As aves foram até mesmo relatadas no extremo norte do estado de Nova York. Frequentemente, era possível avistar esses pássaros em grupos de 300 espécimes.
Eles eram vistos como pragas pelos seres humanos, uma vez que dizimavam pomares de maças ou milharais. Com isso, passaram a ser muito caçados. Porém, havia outros principais suspeitos pelo desaparecimento da espécie: os pântanos do Sul dos EUA estavam sendo rapidamente drenados para criar mais terras agrícolas. Com isso, eles perderam muito espaço para prosperarem.
Mesmo assim, cientistas nunca identificaram uma prova definitiva. “Para mim, a resposta provavelmente é tudo isso. Perseguição, provavelmente houve alguma perda de habitat que os afetou, provavelmente houve alguma doença que também agiu”, disse o pós-doutorado no Centro Científico de Adaptação Climática do Nordeste da Universidade de Massachusetts, Kevin Bugio.
Bugio passou mais de seis anos examinando avistamentos registrados do periquito-da-carolina — sendo o mais antigo datando de 1500. Na visão de Bugio, o principal fator que levou à extinção da espécie ainda não foi revelado e provavelmente jamais será. Tendo em vista que essas aves um dia já ocuparam uma parte considerável dos EUA, esse é um forte aviso de que outras espécies também podem estar correndo risco no futuro.