A razão pela qual os narvais não sobrevivem em nenhum aquário do mundo

13/10/2023 às 10:002 min de leitura

Os narvais são baleias com dentes que habitam o Ártico, sendo conhecidos por sua característica mais curiosa: um dente em espiral que sai do meio de sua “testa”! Por conta disso, eles também são chamados de unicórnios do mar.

Tamanha singularidade poderia render lugar de destaque em aquários públicos e privados, mas os narvais não nasceram para o confinamento. Até onde se sabe, apenas duas tentativas foram feitas na América do Norte, ambas com finais infelizes.

Tentativas frustradas

Umiak chegando ao seu novo lar, que se tornou o último. (Foto: The Herald/Newspapers.com/Reprodução)Umiak chegando ao seu novo lar, que se tornou o último. (Foto: The Herald/Newspapers.com/Reprodução)

A primeira vez aconteceu em 1969, quando o aquário de Nova Iorque decidiu abrigar um jovem narval chamado Umiak. Capturado pelos Inuits, o animal foi separado de sua mãe, que havia sido caçada para obter carne. Em um tanque ao lado de uma baleia beluga, Umiak foi alimentado diariamente com uma dieta de leite misturado com mariscos picados.

Infelizmente, a estadia de Umiak no aquário foi curta e trágica: em menos de um ano, em outubro de 1969, ele morreu de pneumonia, deixando uma nuvem de tristeza sobre os esforços do aquário de Nova Iorque.

Nova tentativa, novo fracasso

A segunda tentativa, em 1970, ocorreu no Aquário de Vancouver, no Canadá, e foi liderada pelo ambicioso diretor Murray Newman. O objetivo era gerar interesse público na conservação dos narvais. Após duas tentativas de caça fracassadas, a equipe finalmente adquiriu um jovem narval macho. Chamado de Keela Luguk, ele foi colocado em um tanque com duas fêmeas e três filhotes.

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A alegria inicial logo se transformou em tristeza quando os filhotes morreram em menos de um mês, seguidos pelas duas fêmeas. A indignação pública cresceu, com pedidos para devolver Keela Luguk à natureza, mas o diretor Newman rejeitou essas demandas. Em 26 de dezembro, foi relatado que Keela Luguk também havia falecido, encerrando uma tentativa angustiante de manter narvais em cativeiro.

Por que os narvais não sobrevivem em cativeiro?

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Esses animais são animais excepcionalmente "delicados". Suas presas icônicas contêm 10 milhões de terminações nervosas, tornando-os extremamente sensíveis a mudanças sutis de temperatura, pressão e partículas.

Além disso, estudos indicam que os narvais são altamente sensíveis ao ruído humano, perturbando drasticamente seu comportamento. Até mesmo a passagem de um único navio em seu ambiente pode causar grandes incômodos.

Com o público cada vez mais consciente do bem-estar dos mamíferos marinhos em cativeiro, especialmente após o documentário Blackfish (2013) que expôs as práticas controversas do SeaWorld com suas orcas, é improvável que vejamos futuras tentativas de manter narvais em aquários. Considerando as trágicas tentativas anteriores, é uma bênção que o interesse público por baleias em cativeiro tenha diminuído.

O mistério em torno dos narvais persiste, e talvez seja na natureza selvagem e nas vastas águas do Ártico Atlântico que eles devem permanecer, um lembrete da beleza e da fragilidade da vida marinha em seu habitat natural.

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