Artes/cultura
29/10/2023 às 12:00•2 min de leitura
Se a poluição é um fator de extrema importância que precisamos aprender a combater para prolongar a nossa existência na Terra, ela também pode ser fator-chave para uma descoberta impressionante: vida fora do nosso planeta. De acordo com um novo estudo feito por pesquisadores do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, rastros de poluição podem ser um efeito colateral inevitável da civilização em qualquer parte do Universo.
Aqui, por exemplo, diversos aparelhos, como latas de aerossol e frigoríficos, são responsáveis por libertar clorofluorcarbonos (CFCs) em grandes volumes, o que causa erosão da camada de ozônio. Esses gases, além de durarem muito tempo, não são produzidos pela natureza e dão um forte indício de que alguma forma de vida teria passado por aquele lugar. Entenda!
(Fonte: Getty Images)
Na visão de Gonzáles Abad, autor da teoria, tudo começaria se alguma população alienígena conseguisse poluir seu mundo da mesma forma que os seres humanos poluíram a Terra no século XX. Com isso, os telescópios que possuímos atualmente seriam capazes de detectar a presença de CFCs na atmosfera de outros planetas.
Esse seria um indício, potencialmente, de uma cultura rica em tecnologia em outras partes do Universo — algo chamado pelos pesquisadores de "tecnoassinatura". Nesse caminho, as formas de vida extraterrestres estariam se denunciando por puro desleixo. Pensando nisso, pesquisadores criaram várias tecnoassinaturas possíveis que dependem de altos níveis de poluição fora do nosso planeta para serem diagnosticadas.
Desde luz excessiva até detritos espaciais ou gases nocivos na atmosfera de um planeta alienígena, diferentes fatores poderiam revelar a presença de uma civilização distante, em teoria. A detecção de CFCs é algo possível através da utilização de ferramentas como o Telescópio Espacial James Webb (JWST).
Agora, cientistas já estão examinando a luz refletida em planetas distantes para tentar determinar quais produtos químicos podem estar presentes lá. Em setembro, investigadores utilizaram o JWST para detectar metano e dióxido de carbono na atmosfera de um planeta chamado K2-18b. Por si só, esses dados já indicam que o planeta pode estar envolto por um oceano de água.
(Fonte: Getty Images)
Embora as teorias surjam de todas as partes, os pesquisadores ressaltam que a procura por vida em outros locais do Universo não é algo que pode ser considerado fácil — nem mesmo com novas tecnologias surgindo. Afinal, existe uma forte possibilidade de nós estarmos presumindo que civilizações alienígenas seriam muito semelhantes às nossas em vez de algo inesperado.
Contudo, qualquer coisa que seja estranha em um conjunto de dados de observações cósmicas pode ser uma arma importante para darmos um próximo passo. “Não precisamos entrar na mente dos ETs, por assim dizer, e imaginar o que eles poderiam fazer ou mesmo exigir que tivessem o mesmo tipo de evolução tecnológica que os seres humanos tiveram”, explicou Andrew Siemion, do Instituto Seti, em entrevista à BBC.
É possível que as tecnoassinaturas propostas pelos pesquisadores sejam um mero reflexo da crescente consciência humana de que nós somos uma espécie confusa e poluente. No entanto, nós nos consolamos imaginando que os alienígenas cometerão ou já cometeram os mesmos erros.